31 de dezembro de 2011

Eu te amo 2012

Logo o dia cederá lugar à noite. Logo 2011, um verdadeiro cavalheiro fará um delicada reverência e dará lugar a 2012. Logo será 23h:59 e num piscar de olhos será meia noite. Abraços apertados, ligações, gargalhadas ruidosas, votos de Feliz Ano Novo, lágrimas, brindes serão compartilhadas por todos e logo será o Ano Novo. 

Como bem escreveu um amigo: vamos com calma, pois afinal de contas é apenas mais um dia. Sim, é verdade, mas um dia carregado de simbolismo. Repleto de bons desejos. Milhares de pessoas reunidas com uma energia muito boa. Pensando bem não é um dia como outro é o início de um Ano novinho. Páginas em branco? Com certeza não, mas com várias páginas a serem escritas.

Agradeço de coração a 2011 não importando o que tenha acontecido (ganhos e perdas são inevitáveis) e recebo 2012 de braços e coração aberto desejando acima de tudo que minha filha, meu marido, minha mãe, meu pai, meu irmão, minha cunhada, eu, minha sogra, meu sogro, meu cunhado, meu sobrinho, meu tio, meus amigos queridos, minha família amada, minhas afilhadas tenham muita saúde. Isso é o que mais me importa, além de muito amor. 

Obrigada 2011! Eu te amo 2012!


24 de dezembro de 2011

Meu presente de Natal

Nossa árvore cheia de bons desejos
Presente que ganhei (livre adaptação de All Star por Serginho Ferreira):


All Star

Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios
O Homem foi à Lua, mas a Terra é você
O som que eu ouço são as carícias do seu despertar
Estranho é gostar tanto do seu All Star branquinho
Estranho é pensar que o bairro da “Princesinha”
Satisfeito sorri quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o décimo que é o nosso andar
Não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra sempre
Estranho mas já me sinto como um velho amigo seu
Seu All Star branquinho combina com o meu boot de cano alto
Se existe a grande rede, como eu não tinha seu endereço?
Pro tom que eu canto as minhas músicas
O seu sorriso é sempre exato
Estranho é gostar tanto do seu All Star branquinho
Estranho é pensar que o bairro da “Princesinha”
Satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador
Aperto o décimo que é o nosso andar
Não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem ficou pra... 
“Princesinha”
Satisfeita sorri quando chego ali e entro no elevador
Aperto o décimo que é o nosso andar
Não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquele beijo
Que não terminamos ontem, ficou pra sempre...

22 de dezembro de 2011

Escolhas...


Compartilho com vocês, um lindo texto escrito por um amigo: Eduardo Suplicy. Cai como uma luva para o final de ano, onde paramos para repensar o ano que vai chegando ao fim e fazer planos, sonhar, traçar metas para o novo ano que chega de mansinho. Quando menos esperarmos estaremos na contagem regressiva: 10, 9, 8,..., 3, 2, 1 - Feliz Ano Novo!

Certa vez, o poeta estava sozinho pensando na vida e no final do ano que se aproximava. Todo final de ano era a mesma coisa, ele refletia sobre como tinha sido aquele tempo, no que havia conquistado e no que havia perdido. Esse ano não era diferente, ele seguia seu ritual até que adormeceu no sofá e sonhou.

- Ei você? Perguntou um senhor de barba branca bem longa... feliz ano novo!
- Mas ainda não é ano novo, respondeu o poeta curioso com a barba e com o largo sorriso daquele homem.
- Claro que é! Já passa de meia-noite.
- Mas o ano novo é só daqui a uma semana...ainda nem comemoramos o Natal.
- Bom, uma coisa você acertou o Natal cai no domingo, daqui a três dias...mas o ano novo já chegou sim!

E o poeta meio atordoado começou a pensar que aquele velhinho com barba de algodão só podia estar enlouquecendo. Coitado, pensou ele: já está confuso com as datas...deve ser da idade.

- Hahaha, você é novo por aqui, não é mesmo? Perguntou o velhinho.
- É...acho que sou. Não me lembro de ter vindo a esse lugar antes. Mas por que pergunta?
- Porque aqui podemos ouvir pensamentos também e posso garantir que não sou nenhum velhinho senil que não sabe o que está dizendo.
- Meu Deus, me desculpe. Não poderia imaginar que você estava ouvindo meus pensamentos.
- Não se preocupe, só fico um pouco preocupado com você que parece não estar entendendo muita coisa. Vamos caminhar um pouco? Aproveito e lhe mostro esse lugar incrível enquanto conversamos.

E lá foram eles, andando por lugares incríveis e cheios de fantasia. O velhinho mostrava tudo e ele se espantava com a beleza do lugar.

- Aqui é o mar dos sonhos que tem uns banhos maravilhosos. Ali a montanha dos desejos, muito difícil de escalar e muito cobiçada. Ali tem a lagoa da esperança, sempre cheia e logo depois o caminho da felicidade, lotado de gente procurando a entrada.

E cada lugar que o velhinho apresentava o deixava ainda mais confuso. Até que a curiosidade falou mais alto e ele perguntou:

- Esse lugar é de verdade mesmo? Todos esses nomes, todas essas pessoas, tantas coisas das quais nunca havia ouvido falar. Estou confuso e continuo sem saber onde estou.
- Você está na Vida, meu bom amigo. É só o que você precisa saber.
- Mas o que eu devo fazer?
- Ora faça suas escolhas. É isso o que fazemos na Vida. Você quer dar um mergulho no rio da alegria?... é só pular. Você prefere tomar um banho de sol de euforia? Deite-se na praia. Você prefere passear pela trilha da amizade?... siga pela esquerda. Aqui você é livre para fazer o que quiser.

E o poeta seguia fascinado com aquelas paisagens e com os nomes incríveis que o velhinho contava para ele. E seguiam andando e observando as pessoas.

- Puxa, aqui tem muita gente. Mas alguns parecem não saber para onde estão indo, como eu.
- Isso é muito comum por aqui, meu filho. As pessoas podem escolher o que quiserem, mas preferem não escolher. Algumas acham que escolher um caminho implica em abrir mão de todo o resto. Outras acham que podem seguir caminhos opostos ao mesmo tempo e permanecem no mesmo lugar sem saber como começar. Alguns estão esperando por você. São seus amigos que precisam ouvir sua opinião antes de tomar qualquer atitude.
- Esse lugar é mágico, não é?
- É sim. A Vida é mágica e é você e cada um quem faz a magia da Vida acontecer.

E o poeta seguiu sorrindo. Falou com algumas pessoas. Acenou para outras. Reconheceu situações que ele mesmo já havia passado e, preguiçosamente, preferiu pensar naquilo tudo, já que ali os pensamentos podiam ser ouvidos.

- Tem uma coisa que ainda não entendi.
- O que meu filho?
- Por que você disse que hoje é ano novo? Você me parece saber do que está falando, mas isso de ano novo não faz nenhum sentido para mim.

E o velhinho respondeu:

- Todos os dias são ano novo. Todos os dias você deve fazer suas escolhas e seguir o seu caminho. E todos os dias, essas escolhas se renovam e você é obrigado a pensar mais e a escolher de novo. E por isso eu comemoro e vivo intensamente cada um dos meus dias. Entendeu?

Sorrindo, o poeta entendeu. Assim era a vida que ele escolheu viver. Era nisso mesmo que ele pensava todos os dias. Por ser assim ele agradecia a Deus todos os dias. Por ser assim ele se sentia mais feliz e realizado e mesmo que um dia fosse ruim ele sempre pensava que era porque tinha feito escolhas erradas. Dormia pensando nisso e acordava pronto para escolher de novo, e isso lhe fazia bem.

- Então: feliz ano novo para o senhor!
- Obrigado meu filho, feliz ano novo para você e para todos os que você ama.
- Vou contar para os meus amigos a lição que você me ensinou hoje.
- Conte sim. Mas saiba que muitos vão escolher não ouvir e isso não é um problema. De qualquer forma, se a sua escolha é contar, conte.

E quando o poeta virou-se de lado percebeu que as coisas estavam diferentes. Em uma piscada de olho ele voltou ao sofá, abriu um sorriso largo e correu para o computador pra contar essa história pros seus amigos.

Feliz ano novo pra todos vocês!
Repleto de boas escolhas!

4 de dezembro de 2011

A vida começa aos 40?


Não era um dia qualquer era um dia especial: seu aniversário.

Todos os seus aniversários eram especiais, mais aquele era um pouquinho mais. Dali há poucas horas faria quarenta anos. Chegava ao marco? Chegava ao meio de sua trajetória? Talvez faltasse um pouco mais, mas mesmo assim, olhava para a data com curiosidade e entusiasmo.

Ouviu por muitas vezes que a vida mesmo começa aos 40. Será? Pode ser... Ao chegar aos 40 a vida está um tantinho mais estabilizada, os filhos já está mais crescidos, os laços de amizades fortalecidos, o coração mais sereno, pois carrega consigo um amor escolhido e construído (ah os arroubos da paixão... se pudesse dar um conselho diria: não passe pela vida sem viver esse sentimento pelo menos uma vez, mas depois de um tempo pegue a rédea de sua vida e retorne a sua caminhada.), já não topa qualquer coisa, qualquer lugar, pois precisa de um mínimo de conforto, já sabe bem o que quer na vida, o que aceita e o que não aceita, sabe que o que quer depende de si mesma e não espera mais do que os outros podem dar, sabe o que merece ou não seu sacrifício. Vai à luta, encara as batalhas de frente, sabe que nem sempre vai ganhar e aceita as derrotas com dignidade. Entende quem nem tudo o que deseja é o melhor para si e simplesmente aceita. Passa a brigar o mínimo possível, aprende a ceder, lida melhor com o meio-termo. Aprende e aprecia os pequenos gestos, aqueles carregados de significado (um afago em meio ao caos). Vê a beleza na leveza, no equilíbrio e na serenidade. Aceita mais facilmente seus múltiplos papéis de mãe, mulher, esposa, filha, amiga, provedora, mas sabe que o interstício é vital, não dá tanta importância ao que os outros acham, aprende que nem todos serão justos e dignos de sua atenção e separa bem o joio do trigo. Canaliza sua energia para o que vale a pena e não é tudo ou todos que valem sua energia. Aprende a perdoar. Sabe a medida certa de sua cor, sua dor e seu suor.

Olha o passado com carinho, mas mira no presente e escolhe o futuro.

" Estou na fase da loba, me sinto plena de mim. Como um cochicho, a frase chegou aos meus ouvidos, quase um sussurro."

20 de novembro de 2011

Qualquer dia...


Qualquer dia desses, amigo, a gente vai se encontrar!

Hoje, o céu está em festa para receber o nosso gatinho.

15 de novembro de 2011

Novo pensamento


Olhos que não veem, coração que não sente.Não ver é não sofrer, mas muitas vezes precisamos
 manter os olhos bem abertos.

9 de novembro de 2011

Pensamento


 Não sou dada a pensar na nossa impermanência. Quando isso acontece é porque ela me sacode e me obriga a olhar bem no fundo de seus profundos olhos.

5 de novembro de 2011

Ajudando a divulgar: 3a Edição do BookCrossing Blogueiro

Olá à todos,

Estou ajudando a Luma, do blog Luz de Luma, a divulgar essa maravilhosa iniciativa.

Já estamos na terceira edição e para participar leia aqui.

Dia 08/11 vamos esquecer um livro.

Beijos

30 de outubro de 2011

Microconto 08


Desde de pequena era assim: vivia sonhando acordada. Os outros a achavam distraída. Vivia com a cabeça nas nuvens, sonhando. Muitas vezes se fechava em um longo silêncio e continuava a sonhar. Mas com o que tanto sonhava? Com tudo e de tudo um pouco.
Já adulta continuou sonhando acordada.
Um dia perdida no mundo dos sonhos parece que despertou. Olhou para sua vida e pensou em quantos daqueles tantos sonhos havia realizado. Poucos.
Decidiu ir à luta. Continuaria a sonhar, mas daqui para frente os transformaria em realidade.

24 de outubro de 2011

Microconto 07


Ela trabalhava duro. Acordava muito cedo todos os dias e  era a primeira a chegar a empresa e a última a sair. Se dedicava a sua carreira, pois assim garantiria um pouco de segurança para o futuro (sua família nunca tivera essa segurança), mas quando chegava em casa, tarde da noite, orava e pedia a Deus que encontrasse alguém a quem amar e que com ele pudesse formar sua própria família.

18 de outubro de 2011

Microconto 06



Seus olhos pretos eram o mais franco que já tinha visto, porém nesse momento estavam carregados de tristeza e suas lágrimas formavam um afluente daquele grande rio. Seus olhos banhados de lágrimas formavam o rio da vida.

11 de outubro de 2011

Como uma luva



"Na fé, eu sou capaz de me dizer, com amorosa humildade, que grande parte das vezes eu  não sei o que é melhor para mim. Eu não sei, mas Deus sabe. Eu não sei, mas minha alma sabe. Então, faço o que me cabe e entrego, mesmo quando, por força do hábito, eu ainda dê uma piscadinha pra Deus e lhe diga: "Tomara que as nossas vontades coincidam". Faço o que me cabe e confio que aquilo que acontecer, seja lá o que for, com certeza será o melhor, mesmo que algumas vezes, de cara, eu não consiga entender."


(Ana Jácomo)

8 de outubro de 2011

Nem tão micro assim...




Era um senhor e uma senhora de idade bem avançada. Ela tinha a pele tão alva, pálida quase translúcida e  olhos de um azul profundo. Ele tinha a pele calejada, com profundas marcas e rugas e olhos pretos pungentes.
Há muitos anos que toda as tardes faziam sempre igual. Sentavam-se nas cadeiras de palhas, na varanda, e apenas aguardavam.
Logo as pessoas se aproximavam e sentados aos seus pés passavam horas a conversar.
O menino, ainda novo, passava por ali todos os dias de volta da escola e sempre lançava um olhar intrigado para a cena.
Certo dia não conseguindo conter a curiosidade perguntou a tia:
- Tia, todos os dias que volto da escola passo pela casa da esquina e vejo um senhor e uma senhora rodeados de pessoas. Quem são?
- Meu filho, muito admira que você não tenha perguntado antes. Os dois sentados ali são a sra. Sabedoria e o sr. Tempo e aquela gente toda vai até eles em busca de conselhos e ensinamentos.

5 de outubro de 2011

Microconto 05



Desde de pequena tinha um  fraco por roupa de cama. Desta vez comprou um lindo jogo de lençol de fio egípcio, branco, alvo cor de neve.
Tomou um banho quente, passou seu creme de corpo, colocou a camisola nova e deitou na cama e se deixou acariciar e abraçar pelos fios macios do algodão.
Dormiu feliz.

1 de outubro de 2011

Microconto 04



As lágrimas caiam, mais parecia um rio a trasbordar. Sonhou com aquele momento por toda a vida, e, ainda, nos sonhos mais fantásticos não o podia tê-lo imaginado tão bonito.   

Ele estava ajoelhado, segurava sua mão e acabava de pedir-lhe em casamento. Tentando serenar o pranto, ela disse sim.

28 de setembro de 2011

Microconto 03









Olhou para trás e viu o seu passado. Sorriu timidamente. Ficou feliz com o que viu e com todo o caminho percorrido. Dias ensolarado, dias cinzento, mas foi a soma desses dias que a fez chegar até o presente.

24 de setembro de 2011

Microconto 02


Durante cinco dias e cinco noites, aquele assunto não saia de sua cabeça. Na manhã do sexto dia, acordou, abriu a janela e deixou que a brisa quente, daquela manhã de primavera, o levasse.

Não tinha mais tempo a perder com aquele assunto. Passou para o próximo.

21 de setembro de 2011

Microconto



Um porto é um lugar seguro. É forte e não é qualquer tempestade que o derruba. Muitos passam por ele e buscam respostas para suas questões, seus dilemas.

Aconteceu assim: um precisava, urgentemente, de um porto que fosse seguro e o outro, não  aprendera a ser porto, nem seguro.

Fim


13 de setembro de 2011

Começar de novo...


Li, recentemente, o livro - O tempo entre costuras. O livro conta a história de uma espanhola chamada Sira que no princípio da guerra civil espanhola, muda para o Marrocos, depois volta a Espanha. Enfim, o livro segue.

Dentre toda a história, o que mais chama a atenção são os recomeços da protagonista que nos faz pensar em nossos próprios recomeços.

Quantas vezes somos capazes de recomeçar? Recomeçar pode ser grande ou pequeno, mas não importa, pois todos nós poderemos citar alguns recomeços.

Recomeçar ao mesmo tempo que nos dá medo, nos enche de esperança. É a possibilidade de seguirmos por novos caminhos, a chance de fazermos diferente.

O que é um recomeço? Pode ser quando saímos da casa de nossos pais e vamos morar sozinhos pela primeira vez, pode ser  mudança de emprego ou de profissão, pode ser o casamento, pode ser a chegada dos filhos, pode ser um separação, pode ser encontrar um novo amor, pode ser mudarmos de cidade, de País, pode ser começar um curso, pode ser parar de trabalhar, pode ser descobrirmos uma habilidade até então desconhecida, pode ser encarar a vida de uma forma diferente, pode ser ter um hobby. Pode ser tanta coisa, mas o que é comum é que são recomeços e recomeçar não significa virar a vida de ponta cabeça.

Quantas vezes você já recomeçou?


"Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça."

(Cora Coralina)



6 de setembro de 2011

Pretérito Imperfeito



Nós fazemos planos, isso é um fato. Nós sonhamos, planejamos, traçamos uma linha reta e seguimos como se o simples fato de a termos traçado, nos garanta chegar aonde queremos, porém, e, talvez felizmente, nossa vida não caminha reta.

Nós não contamos com o imprevisível, ou não queremos contar, mas o mesmo está a nos acompanhar e faz com que muitas vezes, a linha que criamos deixe de ser reta. Dessa linha pode surgir, uma infinidade de caminhos e, é aí que está a grande graça, pois não temos a garantia que o final da história sairá como escrevemos. Que bom que é assim.

Pode ser que o caminho traçado saia completamente diferente, e isso pode ter uma razão: "nos levar exatamente aonde queríamos chegar desde o começo".

2 de setembro de 2011

Reverenciando Setembro





" Ainda que o frio me faça arrepios
Como orações à flor da pele
Sinto no ar a folha renovada
Em Setembro me acobertando
Como tatuagens do destino."




"Quando Setembro chegar…
Quando Setembro chegar o inverno terá acabado e o amanhecer virá me acordar,apressado.Não mais haverá folhas secas caídas ao chão, pois as cores, antes tímidas, voltarão em puro êxtase, bailando num festival deliciosamente provocante. Quando Setembro chegar o sol estará pleno, iluminando os mares do meu mundo.Uma brisa suave teimará em bater de leve em meu rosto, desajeitando meus cabelos úmidos. Um aroma antigo se fará presente, trazendo consigo a quietude do meu ser.Quando Setembro chegar serei embalada por uma música e por alguns instantes deixarei de respirar. Em órbita, minha razão terá sido arrancada de mim por algo que não pretendo explicar.Teremos tempestade. Ventania. Um doce fechar de olhos. Um meio sorriso preso nos lábios.Quando Setembro chegar correrei ao encontro dos sentidos. Ao abrir uma janela descobriria um novo cheiro, ao escancarar uma porta um novo gosto. Na intimidade de um toque, desvendaria um olhar.Uma onda de felicidade atingirá todo meu corpo. Alegria em forma de espuma nos pés, contentamento em forma de grãos de areia nas mãos. Não haverá nuvens no meu céu.
Quando Setembro chegar eu serei todas as estações do ano…"
(Ludmila Garçoni)





25 de agosto de 2011

Existe um lugar

Foto Isadora Nardy
Foto Isadora Nardy
Às vezes é preciso parar, inspirar e expirar calma e profundamente para retomarmos a correria do dia-a-dia. Inspirar e expirar corretamente é um antídoto contra o estresse. Levante a mão que não precisa, ainda que seja, de uma pequena dose.  

Uma pausa é sempre bem-vinda. Parar e, simplesmente, contemplar pode ser de grande valia para aquietar o coração, a mente, a alma. Manter a mente quieta não é tarefa fácil, mas podemos ao menos tentar.

Os especialistas garantem que o nosso corpo reflete o que pensamos e sentimos. Por isso uma pausa é mais do que necessária, é imprescindível.

Existe um lugar, em meio ao meu caos de paz e silêncio que me aquieta e me faz continuar.

20 de agosto de 2011

Pensamento


Percorro o corredor das lembranças...

Algumas me tomam de assalto e me fazem sorrir, outras são apenas imagens fugidias e de outras, simplesmente, me afasto pois não me fazem bem.

16 de agosto de 2011

Mulher e Menina



Dentro de si habitam a mulher e a menina:

A mulher que em seu ventre gerou uma vida e carrega consigo toda a responsabilidade da vida adulta e a menina que, ainda,  corre de pés descalços e cabelo solto ao vento e que tem todo o tempo do mundo.

A mulher que já sonhou colorido e em preto e branco e a menina que sempre sonha colorido.

A mulher que já tropeçou e caiu e tenta se manter de pé e a menina que sempre está de pé e cabeça erguida.

A mulher que por muitas vezes perdeu a fé e deixou de acreditar e a menina que mantém sua fé inabalável

A mulher que já cometeu erros, falhou e a menina que entende que os erros foram sempre na tentativa de fazer o melhor.

A mulher que  muitas vezes se cala para evitar o conflito e a menina que com a língua solta não mede palavras para dizer aos outros o que não a faz feliz.

É essa menina que estende a mão para a mulher, todas às vezes em que tempos difíceis teimam em se fazerem presentes.

10 de agosto de 2011

Minha pequena homenagem ao Rolando


Quando iniciei o blog, não sabia muito bem como as coisas funcionavam nesse espaço. Um dia buscando informações para um post, me deparei com um blog - Entremares, do Rolando Palma.

Fiquei encantada com o conto que li e deixei no comentário, um pedido para publicar o conto, aqui, no Tantos Caminhos e passei a segui-lo. Ele carinhosamente aceitou que eu publicasse seu conto e passou a ser o primeiro seguidor do Tantos Caminhos. Foi dele o primeiro comentário que recebi, em um post que fiz.("Muitas meninas como essa ( e meninos ) deixam simplesmente de conseguir ver as flores... e passam a acredita que é normal, que simplesmente.. cresceram, tornaram-se adultos.

Beijos, tudo de bom para ti.
Rolando
3 de março de 2010 14:42")


Hoje, a visitar o blog da Luma - Luz de Luma de deparei com a triste notícia de sua partida. E pior de sua partida de forma tão estúpida. Eu não poderia deixar de homenagear, aquele com o qual troquei as primeiras impressões nesse espaço. Fica aqui registrada a minha tristeza e o meu carinho.

Abaixo, o post que fiz sobre o lindo conto dele: A verdadeira história de Peter Pan

Bom, estava pensando em um post sobre A Terra do Nunca. Queria descrever a minha Terra do Nunca, pois acredito que dentro de cada um de nós existe uma. O lugar sagrado, onde nos refugiamos, nos momentos difíceis.

Ao fazer uma busca sobre a história do Peter Pan, para me inspirar, eis que me deparo com o texto abaixo. Uma pérola. Aquele texto que ao acabarmos de ler ficamos pensando: como eu gostaria de ter escrito isso.

Deixo para vocês o texto abaixo.

Recomendo aos que gostam de uma boa leitura o blog: Entremares.

O post sobre a minha Terra do Nunca fica para um outro dia.

" Pequenina, de asas graciosas e quase transparentes como todas as fadas, esvoaçando sobre os campos de flores. Seria o seu vestido, amarelo como os girassóis? Seriam os sapatinhos de verniz, a imitar as conchas do mar?

Chamava-se Nyota… e nascera muito longe dali, num continente quente e povoado de grandes florestas, lagos e desertos, e animais tão estranhos que ela não voltara a encontrar iguais, em mais parte alguma.Nem na terra do Nunca.

E aquele dia, na terra do Nunca, ia ser um dia... muito especial; Peter Pan, o eterno menino vestido de verde, como príncipe dos bosques e senhor das terras do arco-iris... ia anunciar o seu noivado.

Ninguém ignorava que Sininho sempre fora a fada de Peter Pan – a história descrevera-a assim, eternamente apaixonada pelo irrequieto menino que se recusava a crescer. Mas o que não estava escrito na história.. e que quase ninguém sabia... era o amor que Peter Pan e Nyota nutriam um pelo outro, desde que se haviam visto pela primeira vez, numa tarde de verão.

Nyota era divertida, uma óptima contadora de histórias... e sempre que podiam, desapareciam os dois rumo ao alto dos bosques. E ali, no silêncio dos pássaros e no murmúrio dos ventos... Nyota contava-lhe histórias de uma terra distante, em que os meninos rodeavam dançavam à volta de fogueiras, caçavam animais de cores bizarras e saltavam de árvore em árvore, pendurados dos ramos.

Peter Pan bebia-lhe o olhar, cheio de imagens, imaginando-se a ele próprio naquela terra estranha e longínqua, onde todos os meninos tinham uma cor de pele tão diferente da sua... e que Nyota descrevia como sendo tão bela como a terra do Nunca.

- Mas não há nenhuma terra mais bela que a terra do Nunca... – protestava Peter Pan, sempre que ela lhe tocava no assunto. – não pode haver...
- Mas é claro que há... e prometo-te que um dia... ainda te levarei lá...

E assim ela ali permanecia, inebriada por um simples olhar, enquanto ele adormecia, à sombra dos plátanos, sonhando com oásis de palmeiras no meio de desertos, tempestades de areia e longas pradarias de ervas altas e manadas de animais estranhos, a perder de vista...

Quando Peter Pan entrou na sala, as fadas interromperam a ladainha de sussuros. No silêncio frio do mármore, o único ruido provinha das botas de Peter, dirigindo-se ligeiro até a um dos extremos do grande salão. Sem cerimónia, saltou para cima de uma das mesas, distribuindo aquele seu olhar atrevido em redor.
Discretamente, Sininho aproximou-se também do local – queria estar bem ao seu lado, mal ele pronunciasse o seu nome.

- Meus amigos... como todos sabeis... está escrito que Peter Pan irá escolher uma fada da terra do Nunca... para juntos ajudarmos a cuidar de todos os habitantes ...

Fez uma longa pausa, enquanto dirigia o olhar para Sininho, ali bem perto de si.

- ... E todos vós já me conheceis há tanto tempo... e conheceis tão bem como eu a história da terra do Nunca, não é verdade? – e esticou o braço em direcção a Sininho - ... queres vir aqui fazer-me companhia... Sininho?

Palmas, muitas palmas, ainda mais suspiros.
No outro extremo do salão, um lamento passou quase despercebido.
Nyota, as mãos a tapar os olhos, saiu de mansinho para o jardim.
Peter Pan, do alto da mesa que lhe servira de tribuna, conseguia vê-la.

- Sininho... dás-me só um segundo, por favor? tenho só que ir ali falar com uma pessoa... é só um segundo...
A fada Sininho fez-lhe uma vénia irónica, com um sorriso de felicidade.
- Claro que sim, meu príncipe... claro que sim... mas não te demores...

Peter Pan apressou o passo, distribuindo sorrisos, beijos e abraços. Precisava de alcançar a porta do jardim.

- Nyota! Nyota!
Correu para ela.
- Nyota... espera, por favor...
Ela abriu a porta exterior do jardim. Quando se voltou, uma lágrima brilhante deslizava-lhe pelo rosto.
- O que queres, Peter?
- Nyota... meu amor... por favor, tens que compreender... estava escrito...
- Eu não sou o teu amor, Peter...
- Mas, Nyota... estava escrito... eu tenho que escolher a Sininho...
- Julguei que me amavas, Peter...
- E amo, Nyota, mais que tudo... mas que mais podia eu fazer? Está escrito ... na minha história... que eu tenho que escolher a Sininho... não posso evitá-lo...
Nyota olhou-o nos olhos e lá no fundo sentiu-se de novo a criança desprotegida, ansiando por um abraço, por uma palavra meiga.

- Eu também te adoro, Peter Pan... e isso não está escrito em nenhuma história, sabes? E se tu gostasses realmente de mim...
- Nyota, mas eu não posso...
- Peter... sabes porque não podes ?
- ...
- Não podes porque... até aqui não consegues deixar de ser ... uma criança...
- Nyota...
- Não, Peter... eu sei de tudo o que me vais dizer, mas... hoje e aqui... eu precisava que tu crescesses... nem que fosse só um pouquinho... que tivesses desafiado a história que escreveram para ti ... e me escolhesses...

Abriu o portão e seguiu em frente, o vestido amarelo como os girassóis a brilhar na noite escura. Desejava ardentemente que ele a chamasse.
Bastaria que a chamasse uma única vez... e ela voltaria a correr para os seus braços.

Mas sabia perfeitamente que tal nunca iria acontecer..."

(Rolando Palma- http://www.entremares-entremares.blogspot.com)

8 de agosto de 2011

Não tem explicação, não tem

Valentina estava exausta. Sentia-se como no dito brincalhão como se um caminhão tivesse passado por cima. Também não era para menos estava acordada desde as cinco horas da manhã e já eram onze da noite.

Tivera que acordar cedo, pois o seu voo estava marcado para oito horas. Ia para Natal, a trabalho.

Chegou ao aeroporto Augusto Severo, às onze horas e de lá foi direto para a filial da empresa. Já soubera antes mesmo de embarcar que três reuniões haviam sido marcadas, sendo que a primeira delas era um almoço. Que maratona, pensou.

Chegou e foi tomando logo pé da situação e dos detalhes sobre a empresa que queriam comprar. O almoço seria tenso e talvez fosse melhor pedir algo leve.

O almoço aconteceu tenso como ela havia imaginado e depois as duas reuniões, uma na sequência da outra. Quando pensou, aliviada, que poderia ir para o hotel, foi pega de surpresa pelos amigos do escritório que combinaram um happy our. Com negar?

Seu celular não deu trégua. Tocou sem parar o dia inteiro. Era Luís que ligava insistentemente.

Ela e Luís namoraram por dois anos e eles haviam rompido o namoro há uma semana. Ele não se conformava e queria mais e mais explicações.

Valentina já havia explicado tudo e explicado o que era mais importante: não o amava mais, porém Luís, sempre Luís tão arrogante não podia conceber o fato e dizia que tinha outro motivo, porém não havia e era assim, simples. Ela não queria ser indelicada e dizer para que ele parasse de ligar, pois estava sendo inconveniente. Esperava que ele se desse conta e a deixasse em paz.

Estava agora, no quarto do hotel, finalmente. Encostou a porta, desfez rapidamente a mala e foi para o banheiro. Estava louca para tomar um banho, colocar a camisola e apenas se enfiar debaixo das cobertas e ver se estava passando um bom filme, porém antes de deitar-se foi até a mesinha de cabeceira e pegou algo.

Antes de concluir o que iria fazer pensou em como gostaria de gritar em alto e bom som as palavrinhas que acabara de ler, mas como não podia limitou-se a abrir a porta e pendura na maçaneta pelo lado de fora, a pequena plaquinha que dizia:

3 de agosto de 2011

Chegadas e Partidas



Eu sou um aeroporto.

Na verdade, todos nós. Que outro lugar, senão um aeroporto, condensa sob o mesmo teto a alegria do encontro e a tristeza da despedida? Vejo pedaços de mim acima das nuvens, em logradouros distantes, em cidades inóspitas. Recebo, também, de todo lugar, pedaços do mundo que, como ímãs, aplicam-se sobre a minha pele e lá ficam para a posteridade, exibidos por onde passo.

Alguns têm a pista embrenhada entre matas, encoberta por nuvens de chuva, radares desligados ou intencionalmente sabotados. Tem gente que tem medo de avião.

Por medo das partidas, tem gente que não deixa ninguém chegar. São aeroportos fechados. No entanto, a gente só percebe o calor do abraço quando sente a dor de respirar o ar frio da solidão. Você brada aos céus toda sorte de impropérios, mas não percebe que vôo nenhum te encontra no radar.

Eu sou um aeroporto. Chegadas e partidas são a única certeza na minha vida. Meus olhos estão virados pro futuro, focados na estrada que se prostra à minha frente. Encontro em mim, com igual facilidade, motivos para persistência ou para desistência. E continuar pra quê? Continuo com a força do que levo pra vida. O saldo positivo disso tudo é a quantidade de aviões que acolho em meus hangares. Pedaços de histórias que conto pra mim mesmo todo dia, enquanto ergo um tímido sorriso quase que instantâneo de realização.

E você, aeroporto em greve, tá esperando o quê, olhando pra cima?

(Avião não pousa em aeroporto fechado)

Lucas Silveira

1 de agosto de 2011

Às vezes...



"Não é raro, tropeço e caio.
Às vezes, tombo feio de ralar o coração todinho.
Claro que dói, mas tem uma coisa:
A minha fé continua em pé."

[Ana Jácomo]

27 de julho de 2011

A minha avó e a Portugal com carinho

Angra do Heroísmo
Minha mãe comentou comigo que o passaporte português dela estava pronto e disse que eu e meu irmão poderíamos fazê-lo. Deixe que eu explique, minha avó materna era portuguesa, embora tenha vivido, no Brasil, a maior parte de sua vida.

Eu fiquei surpresa, pois achei que minha mãe não tinha todas as informações necessárias. Desde pequena  minha mãe guarda em caixas fotos, documentos e outras relíquias, e, sempre foi hábito entre nós abrirmos as caixas sobre a cama e ficarmos conversando sobre o conteúdo das mesmas, relembrando. Nunca vi esses documentos da minha avó.

Tive pouca oportunidade de conviver com a minha avó. Apenas nove anos, mas me lembro muito bem dela. Elegante, bem-humorada e com grande alegria de viver. Morávamos juntas, além de meu avô,  meus pais e meu irmão, porém eu era criança e pouco pude conversar sobre coisas que só temos entendimento mais velhos.

Quando minha mãe comentou a novidade soube que ela tinha todos os documentos guardados e perguntei onde ela tinha nascido: nos Açores, na ilha Terceira, em Angra do Heroísmo e eu curiosa que sou fui lá buscar uma parte de mim, da história da minha família.

Divido com vocês um pouquinho do que descobri: Angra do Heroísmo é a capital (situada ao Sul) da Ilha Terceira que assim foi denominada dando a entender que é a terceira ilha do arquipélago descoberta. A Ilha Terceira é uma das nove ilhas dos Açores.

Em 1497, o pequeno povoado foi elevado a categoria de vila e em 1543, a condição de cidade. E desde 1983 é considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO.

Segundo o censo de 2001, Angra do Heroísmo tem aproximadamente 21 mil habitantes. A economia é baseada no agro-pecuária e conta com importantes portos. O clima é temperado marítimo - chuvas abundantes e bem distribuídas ao longo do ano e com verão fraco (no Brasil, é o clima de Curitiba e Gramado).

Angra do Heroísmo

Hotel em Angra do Heroísmo

Angra do Heroísmo

Minha avó (Aydil) e meu avô (Custódio)

26 de julho de 2011

De repente


De repente, você vê que aprendeu várias coisas. Mas não foi de repente, foi aos poucos. "De repente" não quer dizer que você aprendeu rápido. Quer dizer que você não percebe que está aprendendo, até que aprende.

Você olha pra suas fotos antigas e não consegue se enxergar. Você lembra de frases ditas e atitudes tomadas e as trata como se fossem de um outro alguém. Você aprende que não há amor que não acabe, doença que não se cure, não há estrada sem fim. O caminho, sim, é sem fim. Basta torcer para estar percorrendo o caminho certo. Basta perceber que o seu caminho é errado e esperar pelo próximo retorno. É uma estrada de duas mãos.

(Lucas Silveira)


 

23 de julho de 2011

Contradições

Ela já havia percebido... Nos últimos meses andava muito distraída.

Seus pensamentos teimavam em conduzi-la para um lugar lúgrube.

No início, Ela não conseguiu compreender que lugar era esse, mas passado algum tempo dessas constantes viagens, Ela entendeu.

Ela era jogada para o fundo de suas entranhas. Lugar em que somente nós, sozinhos, conseguimos chegar e onde somos confrontados com nós mesmos, onde nossas contradições são reveladas.

Onde cheio e vazio, longo e curto, caos e conforto, esperança e desesperança, juízo e desatino, doce e salgado, bom e malvado, alegria e tristeza, ilusão e desilusão, conquista e fracasso, confiança e descrença, amor e ódio se confrontam e esperam ao fim desse combate consagrar um vencedor.

Moramos dentro de nossas lembranças.

Moramos dentro de nós mesmos.

Moramos dentro de nossas contradições.

22 de julho de 2011

O Tempo



"Havia um tempo de cadeiras na calçada.
Era um tempo em que havia mais estrelas.
Tempo em que as crianças brincavam sob a clarabóia da lua.
E o cachorro da casa era um grande personagem.
E havia também o relógio de parede.
Ele não media o tempo simplesmente: ele meditava o tempo!"

(Mário Quintana)

20 de julho de 2011

A que tamanho chega?


A que tamanho chega a ferida?
O corte que você fez e não voltou para soprar.
A que tamanho chega o rasgo deixado sem curativo?
Aberto.
Abandonado.
Quanto ainda cresce um buraco que já foi milimétrico?
Um pequeno traço.
A que tamanho chega uma ferida regada todos os dias?
Cultivada por alguém como se fosse flor..

[Eduardo Baszczyn]

Li no blog da Sil, Entre Aspas e achei maravilhoso. Quantas vezes nós insistimos em cultivar uma ferida, quantas vezes nós não a deixamos fechar, secar?
 
Beijos para todos

16 de julho de 2011

Copacabana


Ontem, no Rio Show, li uma definição de Copacabana que transmite muito bem a minha ideia sobre esse bairro, onde nasci e até hoje vivo.

"Copacabana é aquilo que a gente sabe: um bairro tão plural que absorve a novidade e faz parecer que ela sempre esteve ali. Pouca coisa sobressai em Copa, pois o bairro já tem de tudo um muito."
(Simone Marinho)

Um bairro de contradições e opostos. Uma mistura de novo e antigo. Decadente e cheio de bossa. Enfim, um bairro tão plural quanto possamos imaginar.

5 de julho de 2011

Quem sabe...


Amigos, durante um tempo o blog ficou fechado para que eu tentasse visitar os blogs amigos que tanto gosto. Não tive sucesso, pois outros assuntos gritaram por mim, e, mais uma vez me vi sem tempo e o que era para ser uma maneira de dar atenção aos amigos se tornou em um espaço que pouco dei atenção.

Hoje, decidi abrir o blog novamente, mas dessa vez sem compromisso nenhum. Vou postar quando tiver tempo e vontade e visitarei quando der. A todos que chegarem por aqui, desde já agradeço, mas não estranhem se eu não retornar para um cafezinho.

Sinto uma grande saudade de ler e de trocar com muito de vocês, mas sabedoria é dar tempo ao tempo e termos foco no que realmente nos é importante no momento.

Vasculhando um pasta que tenho no computador de textos escritos e não publicados achei esse. Acho que é um dos últimos escritos e compartilho com vocês.

Um beijo e nos vemos por aí.

História de nós dois

Valentina estava exausta. Sentia-se como no dito brincalhão como se um caminhão tivesse passado por cima. Também não era para menos estava acordada desde as cinco horas da manhã e já eram onze da noite.

Tivera que acordar cedo, pois o seu voo estava marcado para oito horas. Ia para Natal, a trabalho.

Chegou ao aeroporto Augusto Severo, às onze horas e de lá foi direto para a filial da empresa. Já soubera antes mesmo de embarcar que três reuniões haviam sido marcadas, sendo que a primeira delas era um almoço. Que maratona, pensou.

Chegou e foi tomando logo pé da situação e dos detalhes sobre a empresa que queriam comprar. O almoço seria tenso e talvez fosse melhor pedir algo leve.

O almoço aconteceu tenso como ela havia imaginado e depois as duas reuniões, uma na sequência da outra. Quando pensou, aliviada, que poderia ir para o hotel, foi pega de surpresa pelos amigos do escritório que combinaram um happy our. Com negar?

Se celular não deu trégua. Tocou sem parar o dia inteiro. Era Luís que ligava insistentemente.

Ela e Luís namoraram por dois anos e eles haviam rompido o namoro há dois dias. Ele não se conformava e queria mais e mais explicações.

Valentina já havia explicado tudo e explicado o que era mais importante: não o amava mais, porém Luís, sempre Luís tão arrogante não podia conceber o fato e dizia que tinha outro motivo, porém não havia e era assim, simples. Ela não queria ser indelicada e dizer para que ele parasse de ligar, pois estava sendo inconveniente. Esperava que ele se desse conta e a deixasse em paz.

Estava agora, no quarto do hotel, finalmente. Encostou a porta, desfez rapidamente a mala e foi para o banheiro. Estava louca para tomar um banho, colocar a camisola e apenas se enfiar debaixo das cobertas e ver se estava passando um bom filme, porém antes de deitar-se foi até a mesinha de cabeceira e pegou algo.

Antes de concluir o que iria fazer pensou em como gostaria de gritar em alto e bom som as palavrinhas que acabara de ler, mas como não podia limitou-se a abrir a porta e pendura na maçaneta pelo lado de fora, a pequena plaquinha que dizia: DO NOT DISTURB!

12 de junho de 2011

Há sempre um lugar...



Há um vilarejo ali.
Onde areja um vento bom

Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraíso se mudou para lá
Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real
Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for

(Vilarejo - Marisa Monte)

29 de maio de 2011

Pensamentos soltos

"Vamos deixar para sofrer pelo que é realmente trágico, e não por aquilo que é apenas um incômodo, senão fica impraticável atravessar os dias."
 Martha Medeiros

27 de maio de 2011

Enfim férias...




Vou fugir
pelos atalhos do sol
num cavalo provisório
com asas de andorinha
e alma de ventania

Vou voar
fora de horas
sem esperar pelas manhãs
nem mostrar identificação
sempre que precisar cruzar
o portal branco das marés

Nos campos secretos do verão
enterro no sal das areias
a rotina turva da gaiola
e as feridas de árduas batalhas
reclamando a minha parcela de liberdade.
 
(autor desconhecido)