30 de junho de 2010

O que você faria se por um dia fosse do sexo oposto?


Esse texto faz parte da blogagem coletiva proposta pelo blog Espaço Livre


Se por um dia, por apenas um dia, eu pudesse alterar minha natureza feminina, me aproveitaria, das qualidades/atitudes masculinas que em alguns momentos, eu tanto aprecio:

- Da Praticidade
Sim, homens são mais práticos. Um problema, uma solução e logo está resolvida a questão. A luz queimou troca-se a lâmpada, não tem comida em casa liga para algum lugar e pede ou come o que tiver na geladeira. Esqueceu o aniversário do amigo liga no dia seguinte como se nada tivesse acontecido e chama para tomar um chopp. O amigo ficou chateado? Não vai tomar o chopp feliz da vida.

- Do caminhar sozinho
Quando um homem está em casa à noite, sem fazer nada e fica entediado, simplesmente sai sozinho mesmo e para no primeiro boteco, pede uma cerveja e logo está discutindo algo: futebol, política, economia, a mulher maça. Ou noite de sábado, os amigos deram para trás, ele se arruma e vai para a boate. Pede uma cerveja ou um uísque e fica lá curtindo o vai e vem até que dá a hora e ele volta para casa. Sozinho foi, sozinho voltou ou não, pois pode voltar acompanhado.

- Do sofrimento
Já viram homem dentro de casa, cabelos despenteados, de pijama zanzando como zumbi pela casa, se debulhando em lágrimas? Não. Eles sofrem? Claro, mas ligam para o fulano, para o beltrano e combinam um chopp, um churrasco, qualquer coisa, mas ficar em casa escutando música de fossa, olhando para o celular um milhão de vezes para ver se tem alguma ligação perdida ou mensagem recebida. Não.

- Das poucas palavras
Homem quando quer é monossilábico. Que benção. A mãe liga, faz inúmeras perguntas e ele responde sim ou não. É claro que isso encurta a conversa, mas a mãe desliga feliz, pois falou com seu filhote. Falou? Isso em alguns momentos poupa discussões acaloradas sobre a vizinha que pendurou a roupa no varal, cuja janela é de frente, ou da sobrinha da prima que viajou com o namorado e não liga para casa há pelo menos três dias.

- Do dia sagrado
Pode ser do futebol, do pôquer, de qualquer coisa. Duas vezes por semana, ou pelo menos uma vez existe um dia que é sagrado. Vamos lá: quarta-feira. Se esse é o dia sagrado dele pode acontecer o que for, pode ter a comemoração que for que ele não vai de jeito nenhum, pois afinal de contas todos já estão carecas de saber que naquele dia, ele já tem compromisso agendado o ano todo. E se sente culpado? Claro que não, todos já deveriam saber. Esse dia sagrado só é sacrificado em casos extremos como aniversário de casamento ou namoro, aniversário de mãe, pai, mulher/namorada ou filhos. E mesmo assim se der para comemorar em outro dia ótimo.

- Da ligação
Conheceu uma mulher e pediu o celular dela. Ligou no dia seguinte, ou dois depois, ela atende toda feliz, mas diz que não pode falar naquele momento e pergunta se pode retornar à noite. Ele responde que sim, sem problema algum. Sai do trabalho, vai para casa, toma banho, come alguma coisa, vê seus emails e nada de a mulher ligar. Ele não pegou o celular nem olhou para ele uma única vez. Vai ver um pouco de televisão e o sono bate. Ele escova os dentes e vai dormir. E a ligação? Sei lá e nem ele.

Cada um dos sexos com qualidades e defeitos, mas fato é que esses opostos se atraem e a vida é mais feliz, quando formam uma bela dupla.

28 de junho de 2010

Rapidinha



Sueli e Ana sairam para almoçar e colocar o papo em dia. Lá pelas tantas, no meio de um assunto para lá de quente, Sueli dispara:

- Ana, agora me diz uma coisa. Se você soubesse que o seu marido te traí, o que você faria?

Ana não piscou e nem respirou foi logo dizendo:

- Eu o colocaria para fora de casa na mesma hora. Agora, veja só depois de tantos anos juntos saber de uma coisa dessa.

Sueli com os olhos arregalados enão acreditando no que acabara de ouvir indagou:

- Ana, como assim? Você trai o seu marido.

- Minha amiga - disse Ana - deixe que eu te explique: uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa.

- Ah, entendi - disse Sueli. Então para você vale o ditado que pimenta nos nossos olhos ardem, mas nos dos outros é refresco.

- Claro.

Ei-la que surge novamente a minha frente
como folha de outono tocada pelo vento...
Dessas que perdem o rumo, aportam em qualquer tempo
rendida ao cansaço do final da estação.

Sorriso entristecido, sem o sarcasmo costumeiro,
olhar inexpressivo, ombros caídos...desolação,
a suplicar o afeto que me roubou a cada dia,
a estender a mão que me apagou a fantasia.

26 de junho de 2010

Olhar Feminino



Maria José desde criança carregava consigo um olhar cinza, duro e triste. Nasceu no interior de Pernambuco e morava com os pais e mais quatro irmãos, em uma casa de apenas três cômodos.

Os pais e os dois irmãos mais velhos eram bóias-frias. Ela ficava em casa cuidando dos menores. A vida era miserável e muitas vezes o que restava para comer era farinha torrada.

Os anos passaram e pais e filhos iam para a lavoura. O que recebiam mal dava para o sustento da família. Quando passou a receber seu dinheiro, uma parte destinava a ajudar em casa e outra parte guardava, em uma lata de leite. Tinha um sonho: ir para a cidade grande, largar aquela vida miserável e quem sabe passar a ter um olhar menos cinza entristecido.

Uma tia trabalhava em uma casa de família, no Rio de Janeiro, e com o consentimento dos pais escreveu para a tia perguntando se ela poderia lhe oferecer moradia até que conseguisse um emprego. A tia que vivia sozinha, em uma pequeno casa no subúrbio aceitou receber a sobrinha. E com dezesseis anos, Maria José despediu-se dos pais e dos irmãos e veio tentar a sorte na cidade grande. Carregava consigo um olhar cinza chumbo entristecido.

Mal sabia ler e escrever, mas estava decidida a arrumar um emprego e estudar. Foi ao chegar, ao Rio de Janeiro, que a perspectiva de seu olhar começou a transformar-se. Ainda carregava o olhar cinza entristecido, mas agora, era de saudade dos pais e dos irmãos.

Por sorte, logo conseguiu um emprego como auxiliar de limpeza, em um supermercado e com o dinheiro que recebia conseguiu cursar, à noite, o supletivo e ainda mandar um pouco para seus pais.

Em um ano e meio concluiu o ensino médio e foi promovida. Passou a atendente, na padaria, do supermercado. O salário melhorou e com isso, a quantia enviada todos os meses para os pais. O olhar andava ainda mais cinza entristecido, pois a saudade era grande e dessa vez sonhou mais alto: trazer toda a família para o Rio de Janeiro.

No supermercado conheceu Zé Carlos que trabalhava como subgerente e este arrebatou seu coração. O primeiro e único amor de toda a sua vida. O rapaz era de origem humilde, mas muito respeitador e fez questão de ir à casa da tia da Maria José pedir-lhe em namoro. A Tia consentiu e os dois namoravam sentados, no sofá da sala vendo televisão.

Tomada pelo encanto e completamente enamorada, o olhar cinza entristecido, de Maria José transformou-se em um lindo arco-íris: verde esperança que logo virou vermelho paixão que passeava com o amarelo felicidade, e, que com o passar dos meses rumou para um rosa amor, de mãos dadas com o azul calma culminando com o olhar branco de paz.

Toda essa paleta era por causa de Zé Carlos? Sim e também. Em um ano se casaram e alugaram uma casinha perto da Tia. O noivo sabendo do sonho de Maria José de reunir toda a família, não se fez de rogado e trouxe todos para o casamento.

Depois todos voltaram? Não. Os dois alugaram uma casa por perto, também, para toda a família e em pouco tempo os dois irmãos mais velhos já estavam empregados e as duas menores estudando. O pai que não era homem de ficar em casa arrumou uns biscates. Todos viviam com sacrifício, mas a vida, sem dúvida, se apresentava bem melhor e Maria José que desde cedo carregava olhos cinza entristecidos nunca mais os reconheceu.




24 de junho de 2010

Contos de Fada

Quando pequena, sonhava ser fada,
Que desnudava o mundo concedendo desejos
Com sua varinha de condão.
(Carolina Schneider)
 
Todas as vezes que dizes que não acreditas em fadas, morre uma.
(Peter Pan)

Há algum tempo, a querida amiga Mônica, do blog Deusas e Fadas fez um post informando que dia 24 de junho é o Dia das Fadas e eu disse a ela que na data colocaria um post em homenagem. O post já foi escrito e postado, mas coloco aqui, novamente, para homenagear as Fadas e a Mônica.
 
A Pequena Marina
 
Marina tinha dez anos e vivia com os pais em um pequeno vilarejo próximo a uma floresta. O pai era lenhador e conhecia como ninguém aqueles caminhos. Volta e meia, Marina, o acompanhava.

E foi em uma tarde dessas que a menina foi surpreendida. Estava sentada sobre o tronco de uma árvore, olhando o passo apressado das formigas quando ouviu:

- Oi!

Marina olhou para os lados, mas não avistou ninguém. Voltou então às formigas.

De repente, a menina sentiu algo puxando a barra de seu vestido. Olhou para baixo e custou a acreditar no que viu: duas fadas de pouco mais de 50 cm cada uma.

Marina é claro ficou assustada, mas as fadas apressaram-se em explicar.

- Oi, Marina, eu sou a Fada do Norte e esta é a Fada do Sul. Não fique assustada, nós não lhe faremos mal algum. Nós moramos nessa floresta e a conhecemos desde que era uma menininha e acompanhava seu pai. Brincamos com você por diversas vezes, mas talvez com o passar dos anos você tenha esquecido.

- Oi - respondeu Marina e completou: eu não me lembro de vocês.

- Não tem problema nenhum, nós já sabíamos.

A menina e as duas fadas passaram o restante da tarde entre conversas e brincadeiras, até que o pai retornou e foram para casa. Chegando em casa não contou nada aos pais, pois temia que eles não acreditassem e a proibissem de voltar à floresta.

Todas às vezes em que Marina acompanhava seu pai, a Fada do Norte e a Fada do Sul estavam por lá a esperando. Eram tardes de pura alegria e diversão. Vez ou outra, as fadas davam algum conselho à menina.

Uma tarde, Marina saiu apressada de casa. Disse à mãe que logo voltaria e correu para o interior da floresta. Precisava encontrar suas amigas fadas.

Quando as avistou, saiu falando descontroladamente. As palavras saiam embaralhadas, tamanha era sua aflição. As fadas pediram que a menina tivesse calma e explicasse direitinho o que estava acontecendo.

Marina desandou a falar e assim foi nos 30 minutos seguintes. As fadas escutaram atentamente e não a interromperam. Quando a menina acabou, entreolharam-se e a fada mais velha disse:

- Minha pequena Marina, nós entendemos bem como se sente, e temos algo a dizer. Guarde isso para todos os momentos em que se sentir assim: não ter medo é como quebrar o encanto. E quebrado o encanto nada mais há de temer.

Marina voltou para casa envolta em uma leveza que jamais experimentara e a partir daquele dia sempre que sentia medo, simplesmente, quebrava o encanto.

22 de junho de 2010

Um assunto sério que compartilho com vocês!

                                                       
Tenho esse post pronto já há algum tempo. O texto é longo, mas vale a pena, pois o intuito do que seguirá abaixo é compartilhar, um assunto sério através de uma experiência real vivida por mim, para que os que por aqui passarem ao ouvirem falar sobre o assunto saibam um pouco mais e possam porventura confortar uma pessoa na mesma situação.

Eu estava no quinto mês de gravidez e faria o ultrassom morfológico – esse exame é extremamente importante, pois através dele se detecta possíveis anomalias congênitas, no bebê. É um exame bem detalhado que avalia a formação geral e os membros externos. Algumas doenças podem ser identificadas e até tratadas.

Pois é, estava eu fazendo o exame, quando já no finalzinho, o médico me diz que detectou que, a Bia, tinha pé torto congênito. Fiquei apavorada, pois nunca ouvi falar sobre isso e durante alguns segundos, perdi o chão. O médico vendo a minha aflição procurou me tranqüilizar e disse que era muito comum e que o tratamento era simples

Comum? Para quem? Tratamento? Eu nunca ouvira falar sobre isso. Sai do consultório desolada e sem saber o que fazer. Passavam mil coisas pela minha cabeça: porque aquilo estava acontecendo, que tipo de tratamento era esse, porque justo comigo (não que eu desejasse que alguém passasse por isso) e com a minha pequena. Enfim, a raiva e a tristeza se fizeram presentes.

Ligamos para a minha comadre, pois seu pai é ortopedista. Contamos o que houve na consulta, e ele confirmando o que o médico havia dito, falou que era muito comum e que seguindo o tratamento tudo ficaria bem. Indicou-nos, um anjo, o Dr. Rui Portugal, um especialista em pés para que fôssemos conversar e tirar nossas dúvidas.

Consulta marcada e lá fomos nós cheios de interrogações. Ele com toda a calma do mundo nos recebeu e explicou o que significava o diagnóstico.

Pé Torto Congênito é uma má formação congênita, em que os pés encontram-se torcidos, ou seja, virados para dentro. A deformidade ocorre em cerca de 1 para 1000 nascidos e é unilateral na maior parte dos casos. Os meninos são duas vezes mais acometidos do que as meninas. Esse tipo de deformidade afeta ossos, tendões, ligamentos.

O tratamento consiste em correção óssea, através da aplicação de gesso, a partir dos 15 dias de vida do bebê e tem duração aproximada de seis meses. No caso da Bia, ela ainda apresentava pés rígidos encurtados e com ligamentos rígidos, que não cedem ao alongamento. Nesses casos a correção é feita através de intervenção cirúrgica, após seis meses do tratamento com gesso.

Saímos do consultório mudos. A tristeza era grande, embora, a pequena Bia estivesse se desenvolvendo muito bem. Saber que o caso dela era comum não ajudou muito, mas como nos adaptamos a tudo nessa vida deixamos para pensarmos no problema quando ela nascesse e a gravidez transcorreu normalmente.

No dia 18 de junho de 2002, a pequena Bia chegou para alegrar e completar nossas vidas. Os pezinhos eram tortos, sim. Aliás, muito tortos e claro que muitas lágrimas caíram, mas chega um momento em que temos que ser práticos e resolvermos o que é para resolvermos.

Com 15 dias de vida estávamos no consultório para a primeira aplicação de gesso. Mais lágrimas, mas acredito que o sofrimento era mais nosso do que dela, pois sorria, brincava e o choro era normal de bebês. Nem mais nem menos.

Após a aplicação do gesso, nos deparamos com algumas situações. Eu, por exemplo, não podia dar banho sozinha, pois precisava, sempre, da ajuda de alguém para segurar seus pezinhos. Meu outro anjo, minha Mãe esteve do meu lado, todos os dias, me ajudando.

Quando fomos liberadas para os primeiros passeios corremos para pegar o sol da manhã, no calçadão de Copacabana, e nos deparamos com outra situação embaraçosa. As pessoas passavam por mim e pela Bia (já com o gesso) e me olhavam de forma acusadora e reprovadora. Sei lá o que passava pela cabeça delas. Talvez que eu fosse uma louca, irresponsável que havia deixado o bebê cair. Alguns não satisfeitos apenas com os olhares acusadores vinham perguntar o que tinha acontecido. No início explicava com a maior paciência, mas confesso que com o passar dos meses, quando novamente vinha o questionamento, a resposta era curta e ríspida.

Em um desses passeios pelo calçadão, por uma única vez, uma senhora me parou e perguntou se ela tinha pé torto congênito. Nem acreditei e respondi que sim. Ela me contou que seu filho há vinte anos nascera com o mesmo problema e que fora tratado no Hospital Jesus (uma referência nesse tipo de caso).

Seguimos o tratamento religiosamente e após seis meses, a correção óssea estava ok, agora teríamos que partir para a intervenção cirúrgica e em janeiro de 2003, a pequena Bia, com sete meses de vida entrou no centro cirúrgico. Um dos momentos mais difíceis da minha vida, se não o mais difícil.

A cirurgia durou cerca de quatro horas, mas por sorte, o pai da minha comadre estava no centro cirúrgico acompanhando o procedimento e nos passava algumas informações pelo celular. Quando terminou foi um alívio. Minha família estava toda no hospital e entre lágrimas e sorrisos nos abraçávamos.

Qualquer pós-operatório não é fácil, agora imaginem um bebê de sete meses, mas passamos por mais essa etapa do tratamento e após 1 mês e meio retiramos definitivamente o gesso. Dali pra frente seria vida normal. Depois do nascimento dela, esse foi o dia mais feliz da minha vida.

Não foi fácil, mas, hoje, olhamos para ela, ou melhor, para seus pezinhos e nossos olhos ficam marejados pela lembranças, mas cheios de alegria por ela estar bem. Ela tem pequeníssimas limitações, já que não tem total flexibilidade, mas nada que a impeça de fazer qualquer coisa. O único problema será se ela quiser ser bailarina de algum Corpo de Baile. Isso, infelizmente, ela não poderá ser, mas diante de tantas possibilidades, o que é a limitação de uma apenas? Nada.

Ah, quase esqueci após a retirada do gesso é preciso fazer um acompanhamento com o ortopedista de seis em seis meses, ou de ano em ano. Até hoje, nós a levamos, apenas para nos certificarmos que está tudo bem e está.
 
                                                         (foto Isadora)
P.s: Não coloquei nenhuma foto dos pezinhos dela, no início, embora tenha muitas, pois achei desnecessário.

Mesmo com exercícios físicos, a batata da perna (ambas) não se desenvolverão muito. Isto é decorrente da má formação. E o pezinho direito dela é ligeiramente mais caído do que o esquerdo, mas o ortopedista (já fomos a outros também), nos diz que para Pé Torto Congênito está ótimo.

Vida que segue feliz!

21 de junho de 2010

Vida Simples - Blogagem Coletiva - Tema Livre

Esta é a nossa última semana da blogagem coletiva, Vida Simples, proposta pela Mila (Mila´s Ville) e diferente das semanas anteriores em que tínhamos um tema definido, essa semana o tema é livre.

Então vamos falar sobre simplicidade?


A simplicidade está em todo lugar, basta apenas saber olhar.

Ainda que o dia-a-dia seja uma correria só e que nem sempre tenhamos esse olhar tão atento, a simplicidade está a nos acompanhar.

Pausa: Essa semana fui à dermatologista, consulta de rotina, e ao me examinar, me perguntou se eu andava estressada, ou nervosa com alguma coisa. Eu rapidamente pensei, claro que estou estressada e nervosa, aliás, quem não está? Mas ao invés de responder isso, disse que estava tudo bem que inclusive estava de férias e feliz por estar mais pertinho da minha filha, cuidando da minha casa e perguntei o porquê da indagação e ela, calmamente, disse, que o meu couro cabeludo apresentava um leve descamação, mas que não era para me preocupar. Ok não me preocuparei, mas confesso que sai do consultório, pensando comigo mesma que assim não dava, que eu precisava dar menos importância as coisas, que não posso resolver os meus problemas e do mundo, que posso deixar de me irritar com atitudes com as quais não concordo, que posso tentar ser menos ansiosa, que posso praticar mais o ato de perdoar, as pessoas que conscientemente ou inconscientemente me fazem algum mal, que em muitas vezes é melhor que eu me cale, pois caso contrário farei besteira, mas vamos combinar que isso não é simples. Então, vamos voltar ao post.

Já que algumas coisas não são tão simples, o contraponto é que outras são simples e agradáveis e são com essas que quero ficar. É com o ato generoso de cozinhar e assim reunir toda a família, e o estar entre amigos que tenho a certeza de que querem o meu bem, e com eles gargalhar e brincar (se precisar falar sério falaremos) e o revisitar, as minhas mais doces lembranças e me alegrar por ter tido tantos momentos maravilhosos, na minha infância e adolescência. É saber aproveitar cada momento presente, pois o passado ficou em seu devido lugar e o futuro a Deus pertence.

E entre tantas coisas simples que estão ao nosso alcance posso ainda me lembrar com carinho de mais algumas:

Som da onda quebrando na praia
Noites de lua cheia
Almoço de domingo
Casa enfeitada com flores
Um livro
Sorriso de filha
Colo de mãe
Andar descalça
Palavras de pai
Ter um irmão
Família reunida
Abraço apertado
Breves momentos de silêncio
Mãos dadas
Amor de filha
Tarde de chuva fininha
Um dia de primavera
Olhar de cumplicidade
Um bocado de gentileza
Ouvir uma boa história
Ver o sol nascer ou se por






































 


20 de junho de 2010

Incêndio no Morro dos Cabritos (Atualizado pela manhã)


Hoje, ao acordar a sala e o banheiro da minha casa estavam cheios de fuligens e soube que o fogo chegou bem próximo de um morro, em Copacabana (bairro que moro) e o cheiro de queimado permanece. Só para que vocês tenham uma ideia da gravidade.

Parece que o incêndio está controlado, porém aindam restam alguns focos com alguns focos. Infelizmente, o fogo atingiu boa parte da vegetação da área de preservação ambiental. Graças a Deus, nem um edifício foi atingido e as pessoas estão bem.







Cheguei em cada, após a comemoração do aniversário da pequena Bia, e depois de colocar tudo em ordem e colocá-la para dormir começo a sentir um cheiro forte de queimado.

Fui até a janela, mas tudo estava calmo. Por via das dúvidas fiz uma varredura na casa, tudo bem. E o cheiro ficava ainda mais forte. Resolvi abrir a porta e ver se estava tudo bem e estava. Bom, resolvi interfornar para o porteiro que me disse que estava tudo bem. Então que cheiro era esse e que cada vez ficava mais forte?

Foi quando eu soube que um balão havia caido no Morro dos Cabritos, próximo a Rua Sacopã e ao Parque da Catacumba, na Lagoa, Rio de Janeiro e que acontecia um incêndio de grandes proporções.

Olha não moro tão pertinho assim, mas para o cheiro de queimado estar tão forte é porque de fato, não estava nada bem e as primeiras fotos, de pessoas que moram próximo, ao local, começaram a pipocar. São chocantes.




No momento, apenas, 30 homens dos grupamentos do Humaitá e Catete trabalham no combate ao fogo, sendo que o fogo está bem próximo dos edifícios e as pessoas estão assustadas. Alguns já estão deixando suas casas.

O fogo pode ser visto até de Niterói.


19 de junho de 2010

Dias de Festa! Voltamos na segunda...


Hoje é dia de festa, alegria, sorrisos, abraços, doces, bolo e brigadeiro e amanhã, também, espero que seja dia de festa. Voltamos na segunda.

Hoje vai ser uma festa
Bolo e guaraná
Muito doce pra você
É o seu aniversário
Vamos festejar
E os amigos receber
Mil felicidades e amor no coração
Que a sua vida seja sempre doce e emoção
Bate, bate palma que é hora de cantar
Agora todos juntos vamos lá
Parabéns
Parabéns
Hoje é o seu dia
Que dia mais feliz
Parabéns
Parabéns
Cante novamente que a gente pede bis


Um beijo a todos e bom final de semana

18 de junho de 2010

Hojé é dia de festa! Parabéns minha pequena Bia!

Dezoito de junho de dois mil e dois, às 11h17

A copa de 2002 rolava, no Japão/Coreia do Sul, e as grandes seleções estavam sendo eliminadas por outras até então desacreditadas. Nesse dia jogaram Itália e Coreia do Sul e o jogo caminhava para os pênaltis quando a enfermeira entrou no quarto e me disse:

- Está na hora. Podemos ir?

Um emaranhado de sensações me tomou de assalto: alegria, medo, ansiedade, preocupação, mas na maior calma do mundo respondi:

- Claro que podemos.

Antes de sair do quarto, olhei para a mesa ao lado da cama e lá estavam minha Nossa Senhora Aparecida, meu São Judas Tadeu e minha Iemanjá. Mais uma vez fiz um breve pedido: para que tudo corresse bem. Nesse momento tenho certeza de que meu anjo da guarda agarrou a minha mão e só soltou algumas horas depois.

E lá fomos nós para o centro cirúrgico e para todos os procedimentos necessários: assepsia, soro para hidratar, anestesia. Tudo pronto. Agora era apenas ter paciência e aguardar.

Lembro que lá pelas tantas comentei com o anestesista que não estava me sentindo muito bem e, ele, um alemão enorme, de bochechas rosadas e brincalhão me disse:

- Aguarde somente mais uns segundos e você se sentirá melhor. E ao falar isso fez uma leve pressão na minha barriga.

Alguns segundos depois, não só me senti melhor como tive a real consciência de que a partir daquele momento, a minha vida mudaria para sempre

A minha pequena Beatriz, finalmente, chegou e estava sendo colocada em meus braços. Eu entre lágrimas e sorrisos a segurei e apenas fiquei a olhá-la. Como eu havia aguardado e desejado aquele momento.
É um momento mágico, onde todos os sons desaparecem e em um silêncio eloquente, apenas olhos e coração falam.
 












   

Hoje, essa mocinha faz oito anos e foram os anos mais felizes de toda a minha vida. Olho pra ela e me vejo, pois somos muito parecidas fisicamente. Olho para ela e rezo incessantemente para que sua vida seja repleta, apenas, de coisas boas (eu sei que não tenho controle sobre isso, mas vai que de tanto eu rezar a vida segue assim), torço para que por seus tantos caminhos somente pessoas de bom coração passem. Olho para ela, e em silêncio peço para que se torne uma grande mulher, mas uma grande mulher em generosidade, bondade, amor pelo próximo. Que seja justa, honesta e que tenha muito juízo, embora eu também saiba que em uma determinada fase da vida, ela terá um pouco menos do que eu gostaria.

Vejo a minha pequena sentada em sua escrivaninha estudando e me pego pensando em como será seu futuro, penso nas suas aptidões e o que posso fazer para estimulá-las.

Eu a vejo conversando comigo como se fosse um pequeno adulto, manifestando suas dúvidas, dizendo que não considera algo justo e já demonstrando o forte temperamento que tem. Acho graça quando, ela me pede alguma explicação e ao fazê-lo, ela vira para mim e diz: - mãe, você pode explicar isso melhor, pois não estou muito convencida ou mãe, isso não é explicação

Minha pequena geminiana que ama música, que adora cantar e dançar,  que adora andar descalça (é uma luta para colocar o chinelo), que adora sentar e brincar horas com suas Pollys, que me pede para entrar no Youtube para ver o vídeo de uma banda que comentaram com ela, que quer ser tantas coisas. Que ao mesmo tempo em que tem um temperamento forte é carinhosa e nos enche de beijos e que ainda com pouca idade consegue perceber com clareza, as mudanças de humor, e logo se coloca a postos na tentativa de ajudar e como ajuda. Só um sorriso é o bastante para transformar tristeza em alegria.

E, ainda que ser mãe e filha não venha acompanhado de um manual, acho que entre erros e acertos estamos nos saindo bem.

Parabéns, minha filha. A você desejo somente as melhores coisas desse mundo.

"Derrama Senhor, derrama Senhor, derrama sobre ela o Seu Amor".












 
 
















17 de junho de 2010

Vai passar (atualizado)



"Vai passar, tu sabes que vai passar.
Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? 
O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. 
Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez'".

(Caio Fernando Abreu) 

Queridos amigos, eu estou muito bem - rs! Coloquei o texto acima pois achei bonita a mensagem. De qualquer forma, muita obrigada pelo carinho.

15 de junho de 2010

Copa do Mundo 2010






















                                                                                               (Imagens: www.cbf.com.br)


E a Copa do Mundo de 2010, hoje, começou para o Brasil e contrariando todas as previsões, o jogo não foi fácil. Não porque a seleção Norte-Coreana jogasse muito, mas porque nós jogamos pouco.

Primeiro tempo sofrido e entre risadas, cerveja gelada e amigos reunidos chegamos à conclusão que o grande nome do primeiro tempo foi Lúcio.

Resolvemos fazer tudo diferente do que fizemos no início do jogo e vermos se assim, o segundo tempo seria melhor. E foi...um pouco melhor.

O silêncio que no primeiro tempo imperou, apenas entrecortado por alguns gritos diante de uma possibilidade de gol desapareceu no segundo tempo e mesmo, a seleção não jogando muito bem, as vuvuzelas cantaram soltas por aqui.

Minha pequena nasceu em meio a Copa de 2002 e na de 2006 acompanhou muito mais ou menos. Esse ano estava sentada ao nosso lado, gritando o nome do Kaká, dando seus primeiros palpites e para gargalhada geral pedindo encarecidamente que o Galvão Bueno se calasse.

Como amigo também é informação soubemos que o feliz criador das vuvuzelas quer abrir uma fábrica, no Brasil, para comercializar as tão amadas cornetas para a Copa de 2014. Já imaginaram?

Enfim, nosso País continua com muitos problemas, temos um grande desafio nas próximas eleicões mas por esses dias vou torcer e domingo estaremos reunidos novamente. Só espero que até lá, a Seleção mostre ao que veio e nós possamos ver um belíssimo jogo contra a Costa do Marfim.

14 de junho de 2010

Vida Simples: Lugar - Blogagem Coletiva

Hoje é dia de blogagem coletiva - Vida Simples: Lugar proposto pela Mila do blog Mila´s Ville.

Então vamos ao que interessa...


Seguindo pela estrada, um pouco mais a frente viramos à direita. Percorremos mais alguns poucos metros e mais uma vez viramos à direita.

O carro está parado em frente à entrada e segue, lentamente, pelo caminho de paralelepípedos. Do lado direito um enorme gramado decorado com árvores e arbustos. Do lado esquerdo a casa do caseiro, depois uma casa maior e mais a frente, uma quadra de tênis. Voltamos os olhos para o lado direito e vemos a piscina, a churrasqueira e a casa principal. Estacionamos o carro na garagem e, finalmente, chegamos à casa do meu tio, em Teresópolis.


 Saio correndo do carro e aproveito para lhes contar e mostrar um pouco mais. Atrás da casa principal, mais um gramado bem tratado, a casa de boneca, o salão de jogos (adaptado para a estadia de mais familiares) e uma ladeira. Ao descermos desembocamos no pomar (abacateiros, laranjeiras, limoeiros, jabuticabeiras) e seguindo mais um pouco vemos a horta, o campo de futebol, o chiqueiro, o galinheiro e fechando esse cenário, um rio com água mansa, limpa e fresca.

Esse é o meu lugar, o lugar do meu irmão, o lugar dos meus primos do Rio de Janeiro, o lugar dos meus primos de São Paulo e o lugar de quem mais quisesse chegar. Era um lugar de todos.

Desde que me entendo por gente e até mais ou menos os meus quinze anos foi nesse lugar que passei quase todas as férias escolares. Tanto as de julho e as de dezembro e janeiro e foi nesse lugar que brinquei, corri, me diverti, sorri e vivi muitas aventuras com meu irmão e meus primos.

Foi nesse lugar que meu pai me ensinou a andar de bicicleta sem rodinhas, que aprendi a patinar na quadra de tênis me segurando, no início, nas grades que a circundavam e depois de mãos dadas e velozmente com meus primos. Foi no gramado em frente à casa principal que corri para procurar meus ovos de Páscoa e para brincar de pique-esconde ou pique-bandeira. Foi sentada nesse gramado que fiz as minhas primeiras incursões culinárias, misturando terra e plantas e fazendo deliciosas comidas, em minhas panelinhas. Foi sentada a grande mesa retangular de madeira com bancos sem encosto que ri por diversas vezes, com meus primos, quando uma das avós nos servia, à noite, a tão famosa sopa de capim, apelido carinhoso que demos para o famoso Caldo Verde. Foi no campo de futebol que descobri que não tinha o menor jeito para a coisa e que gostava mesmo era de jogar handbol. Nesse lugar passei horas nadando no rio e tentando brincar com os peixinhos que fugiam de nós.

Foi nesse lugar maravilhoso que comemorarmos aniversários, Natal e Ano Novo e que celebramos o simples ato de brincar, livres e sem amarras (mentira! com algumas pequenas amarras).

Hoje, o sítio ainda existe, mas não pertence mais ao meu tio, já há uns bons vinte anos. Transformou-se em uma pousada, mas, ainda assim ficará para sempre guardado em minha memória, como sendo o lugar da minha infância.















11 de junho de 2010

Meu Jeito De Dizer Que Te Amo

O conto, abaixo, faz parte da blogagem proposta pelo Espaço Aberto:  O Meu Jeito De Dizer Que Te Amo.

Nada é impossível. Quando muito apenas improvável

A Rosa e o Espinho

Desde que se entendiam por Rosa e Espinho eram amigos. Mal conseguiam lembrar-se de quando começou a amizade. Provavelmente desde sempre.

Tudo era a Rosa e não diferente, tudo era o Espinho.

Viviam a conversar: sobre o sol, sobre a chuva, sobre a vida, sobre os dias de Rosa e os dias de Espinho.

Correram alguns anos e aquela amizade se transformou em um namoro inocente. A Rosa ficava toda prosa e contava alegremente para as outras, as façanhas do Espinho.

A primavera chegou e Rosa, de um vermelho-acetinado, estava especialmente bonita. Exalava um perfume sem igual. É claro que aquela belezura toda não tinha passado desapercebida pelo Espinho, que fitava Rosa completamente enamorado.

Nuca haviam se tocado, pois Espinho tinha medo de machucar Rosa e assim, as estações passavam.

Um dia, Rosa um tanto acanhada perguntou:

- Meu doce Espinho, você nunca há de me tocar?

O Espinho com ar tristonho respondeu:

- Doce Rosa, amo você mais que tudo nessa vida e não posso imaginar vê-la sofrer. Tenho medo de tocá-la e acabar por te machucar. Para mim não existiria dor maior.

- Mas, doce Espinho, isso quer dizer que nunca poderei sentir o seu toque a me fazer carinho? Ah, querido, que triste sina a nossa.

Espinho ficou desolado com as palavras de Rosa, pois também sonhava com o farfalhar de suas pétalas em seu rosto.

Estavam em um impasse e Rosa decidiu fazer uma proposta.

- Amado Espinho, prometo que se você me tocar e doer nada te contarei. Assim, não ficarás triste.

- Linda Rosa como posso aceitar tal proposta?

- Vamos, meu Espinho. Apenas tente.

O Espinho estava resistente, mas não conseguiu aguentar por mais tempo e cedeu ao pedido da doce Rosa.

Assim foi e toda vez que o Espinho a tocava sentia dor.

O Espinho era sempre muito gentil e delicado, mas nada adiantava. Rosa sentia dor. Ele era duro, pontiagudo e afiado.

- Que ironia, Rosa pensou, ele que existe justamente para me proteger. Porém não posso contar-lhe da minha dor, pois é bem provável que morra de desgosto.

Passaram-se algumas outras estações.

O amor que Rosa sentia pelo Espinho era tão sem tamanho que logo a história correu a floresta. Conta daqui, conta de lá até que um dia chegou aos ouvidos da fada Paradis.

A fada Paradis era conhecida por sua extrema bondade e senso de justiça e quando invocada era capaz de ajudar na superação dos obstáculos mais difíceis. Ao ouvir a história resolveu ter com Rosa e esta explicou tudo tin tin por tin tin. Explicou o quanto amava o Espinho e que era impossível imaginar seus dias longe dele, o quanto estava disposta a suportar a dor para ter o amado em seus braços.

Após ouvir tudo com muita atenção, pediu que todos da floresta chegassem mais perto e decretou que a partir daquele exato instante, Rosa não mais sentiria dor quando seu amado a tocasse. Em toda a sua existência não tinha ouvido falar de maior prova de amor. Era o gesto mais altruísta que já vira de alguém dizer: Eu Te Amo. 

Assim, Rosa e Espinho viveram felizes.

P.s: texto escrito por mim e publicado em 07/03 e revisado e com pequenas alterações, agora é republicado.

Estarei sem acesso a Internet por esses dias, mas segunda estou de volta.Um bom final de semana para todos.

10 de junho de 2010

De Silêncio e de Sons



Em meio ao meu eloquente silêncio, eu grito tácitas palavras.

"Silenciar é entrar em contato consigo e se avaliar. É apaziguar o coração, acalmar as emoções, revisar a conduta. É aquietar a mente e conter o impulso de proferir o que possa machucar outrem e nos causar arrependimento mais tarde. É introspecção, centramento e liberdade de voar no íntimo para buscar soluções que nem sempre as palavras oferecem. É amadurecer e ampliar o entendimento que o grito não deixa alcançar."  (Vera Pinheiro)

“nada como um dia depois do outro e uma noite no meio”…

8 de junho de 2010

Encontro inusitado


O primeiro encontro podemos dizer que foi inusitado.

Ela vestia uma roupa muito diferente, tinha flores no cabelo e o rosto carregado de maquiagem.

Ele se encontrava em um lugar que não o pertencia, no meio de pessoas que nem mesmo conhecia e escutando coisas que desconhecia.

E, ainda que o encontro se desse de forma inusitada, a menina maquiada e o menino que escutava se concederam licença para que cada um entrasse na vida do outro.

Foi assim: percorreram caminhos inesperados, atravessaram rios cujas águas anônimas conheciam seus segredos, tropeçaram, caíram e se reergueram. Construíram, desconstruíram e construíram novamente. Ultrapassaram obstáculos, conquistaram, perderam e reconquistaram. Viram dias ensolarados e outros nublados, chegaram perto, foram pra longe , abriram e fecharam a porta, porém todos esses percalços ao invés de os afastarem serviram para uni-los cada vez mais. Continuam caminhando, acertando e errando procurando encontrar o caminho, o lugar.

Mas, hoje, não existe Ela sem Ele e nem Ele sem Ela.

“E tão certo quanto calor do fogo

Eu já não tenho escolha

E participo do seu jogo

Assim como ar me parece vital

Onde quer que eu vá

O que quer que eu faça

Sem você não tem graça”

(Fogo – Capital Inicial)

7 de junho de 2010

Vida Simples - Blogagem Coletiva - Amigos

Essa semana temos a segunda blogagem coletiva organizada pela Mila do milasville.blogspot.com e a proposta é Vida Simples: Amigos.


Quando o meu amigo está infeliz vou ao seu encontro, quando está feliz espero por ele. ( Henri Amiel)
 

Podemos contar a história da nossa vida através de nossos amigos. Conto aqui um pouco da minha história através de quatro grandes amigas

Ainda pequena, vamos lá, mais ou menos com uns nove anos, eu chegava em casa com meus pais de algum passeio e ao entrarmos na portaria do prédio encontramos com um casal com uma menina de sete anos. Eram nossos vizinhos. Naquele momento, ainda que tímidas e meio desconfiadas iniciamos uma brincadeira: pularmos os degraus da grande escada de mármore da entrada do prédio enquanto nossos pais conversavam.

Essa é a minha amiga Flávia, ou melhor, Flavinha. Amiga com a qual pulei muita amarelinha e elástico, na garagem. Foi junto com ela, eu já com uns doze anos, que fizemos amizade com algumas meninas do prédio ao lado e consequentemente com os meninos e logo nos transformamos em um bando de mais ou menos vinte pré-adolescentes. As primeiras festinhas, cinemas, praia, viagens. Ao lado dela vivi a pré-adolescência e uma boa parte da adolescência. O início da liberdade, ainda que supervisionada.

  (Eu e a Flavinha)

Um pouco mais velha com uns 17 anos, outra amiga (que fazia parte daquele bando de vinte) tornou-se mais próxima, a Gabriela, ou melhor, a Gabi e através dela conheci outra grande amiga a Elizabeth, ou melhor, a Beth. Nós três vivíamos juntas. Eram horas ao telefone, inúmeras viagens, inúmeros passeios. Ok vamos ser sinceras, saídas à noite mesmo.

Ora na casa de uma, ora na casa de outra conversando ou debatendo sobre nossas incertezas com relação ao futuro, a escolha de que faculdade cursar, o primeiro emprego, as alegrias e choros tão característicos dessa época. Nós três juntas vivemos inúmeras experiências umas boas, outra nem tanto, mas que fazem parte de nossas histórias. A Gabi é madrinha da minha pequena Beatriz. Eu sou madrinha da linda Giovanna, filha da Beth.










  (Eu e Gabi)

 (Beth)
  
Já com uns 32 anos e passando por um período meio nostálgico tentei reunir uma turma que estudou junta do CA até a sétima série, no Sagrado Coração de Maria. No primeiro encontro que marcarmos conseguimos reunir apenas 07 pessoas, porém a história correu até que conseguimos contatar quase todos que tinham estudado juntos nessa época. Desse grande grupo, de mais ou menos umas quarenta pessoas formou-se um grupo menor. Esse grupo encontrava-se sempre e namorados e maridos foram apresentados. Desse grupo, surgiu a Fernanda, ou melhor, a Fê e a amizade foi resgatada, porém mais que isso, ela chegou e ficou e isso aconteceu ao mesmo tempo em que as duas estavam passando por momentos bem complicados.

Nossas conversas são hilárias, mesmo que o motivo seja triste. Criamos teorias, desvendamos mistérios e elaboramos verdadeiros tratados antropológicos e psicológicos. Dividimos nossas alegrias, conquistas, medos e angústias e ainda que em alguns momentos uma não concorde com a outra temos total liberdade sim, de falarmos o que pensamos sem que isso ofenda e magoe, já que entendemos que amigos tem pontos de vistas diferentes. E uma sempre ajuda a outra colocando uma questão sobre um ângulo que a outra não tinha visto.
(Eu e Fê que também tem um blog Uma Divisão de Ideias  
e que me inspirou a dar continuidade ao meu) 

A blogagem é sobre Vida Simples Amigos, não é? Isso mesmo e toda essa história que contei trás consigo a simplicidade das grandes amizades. Amigas de toda uma vida.

A Flavinha mora uma rua depois da minha, a Beth, hoje, mora em Florianópolis, a Gabi, em Vargem Pequena e a Fê há alguns quarteirões da minha casa, mas o importante mesmo é que independente da proximidade física ou não, eu tenho a certeza de que se em algum momento, eu precisar delas, seja para compartilhar, seja para me dar um ombro amigos, elas estarão presentes. E isso é simples.


4 de junho de 2010

Mentira? Verdade?


Tina, aos olhos de sua família e amigos era dona de um caráter invejável e um comportamento irretocável.

Ela se regozijava não por vaidade, mas por mérito. Estava sempre disposta a auxiliar aos que precisavam, tinha sempre um ombro e palavra amiga, nunca estava ocupada demais para escutar, tinha paciência até quando o mais paciente já havia perdido, agia sempre com firrmeza e convicção. Parecia ter um bom coração, porém se tinha uma coisa sobre a qual se orgulhava era não mentir.

Sim, Tina não mentia, mas possuía uma habilidade incrível de inventar verdades.

E agarrava-se desesperadamente a elas em uma tentativa vã de acalmar a alma, mas sem perceber quanto mais o fazia mais a envenenava.

“Ela queria torcer o destino até convencê-lo que sua ideia inflexível era a verdadeira”

P.s: "Ela não mentia mas tinha uma habilidade incrível de inventar verdades". Li no blog da querida Pérola (perolamarinha-45.blogspot.com)

2 de junho de 2010

Café, livro e sorriso - A história continua

Na semana passada publiquei um conto: Café, Livro e Sorriso e muitos me perguntaram se a história teria continuidade. O que aconteceu com Bel e Miguel?

Na verdade, o conto encerrava ali fazendo alusão a música escolhida: "Se a sorte lhe sorriu porque não sorrir de volta. Tão fácil perceber que a sorte escolheu você, e você cega nem nota."

Fiquei pensando sobre o conto e me perguntei, porquê não dar continuidade? Bom, eu teria que escrever uma sequência que eu não tinha pensado. Desafio aceito, divido com vocês, a continuidade da história dos dois. Foi um excelente exercício e espero que vocês gostem.

"Esse seu olhar
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas
Que eu não posso acreditar"
(Esse Seu Olhar - Tom Jobim)

Ele entregou o jornal e lhe sorriu e ela, simplesmente lhe sorriu de volta.

Com sutileza, um reencontro.

- Miguel, quanto tempo! – exclamou Bel. Acho que tem pelo menos uns dez anos. Como você está? O que tem feito?

Miguel, ainda com o jornal na mão pensou: ela continua a mesma, apenas por um detalhe: ainda mais bonita. Sempre achara Bel linda. Beleza natural, de cara lavada.

- Ai, Miguel, me desculpe comecei a tagarelar, né?

- Bel não precisa se desculpar. Eu é que estou aqui parado com cara de bobo – e sorriu. Não esperava encontrar ninguém conhecido por aqui e muito menos você. Olha, aqui está o jornal.

Bel puxou uma cadeira e a ofereceu a Miguel.

- Senta, vamos tomar um café juntos. Ai, eu, de novo, nem te perguntei se você tem algum compromisso.

Miguel com o sorriso largo pensava: e ainda que eu tivesse desmarcaria nesse exato instante. Já havia aceitado a cadeira oferecida por Bel.

- Não tenho compromisso nenhum, Bel. Vim até aqui justamente para tomar um bom café da manhã. Posso então te fazer companhia?



- Claro. Assim é bom que colocamos o papo em dia.

Engataram a primeira, depois a segunda, a terceira. Quando se deram conta haviam feito quase que um resumo dos últimos dez anos naquelas três horas. O papo estava tão bom, mas Miguel tinha combinado de assistir o jogo, à tarde, na casa do compadre e assim aproveitaria para ficar um pouco com o afilhado, mas quem disse que queria sair dali. Sua vontade era que o instante congelasse, porém sabia que aquilo era vida real e que não era bem assim.

Meio a contra gosto explicou a Bel que precisava ir. Jogo, compadre, afilhado. Bel também queria ficar ali, mas fazer o quê, né.

- Bel, me dá o número do seu celular, o seu email, seu MSN. Você está no facebook? Anota tudo, pois dessa vez não quero perder contato. Pode anotar nesse guardanapo.



Bel achando graça colocou todas as informações solicitadas. Faltou apenas filiação, RG e CPF.

Miguel já se levantava, quando olhou sério para Bel e perguntou:

- Posso te ligar, amanhã, para combinarmos alguma coisa essa semana? Podemos ir ao cinema, na quarta-feira, à noite.



- Claro que pode me ligar. Vou adorar ir ao cinema. Ainda não conseguir ir ver Alice e estou morrendo de vontade.

- Ótimo, eu também não vi. Te ligo amanhã, à noite. Assim poderemos conversar mais um pouco e combinarmos o cinema.



Na quarta foram ao cinema, na sexta saíram para jantar, no domingo ele foi almoçar na casa dela e dois meses depois, o armário dela já abria espaço para algumas roupas do Miguel.