24 de janeiro de 2015

O medo de perder quem amamos...

Assim como a grama do vizinho parece sempre mais verde que a nossa, as coisas ruins não acontecem conosco, apenas com os outros.
Ilusão. Uma hora cai por terra, e quando a gente se dá conta que acontece com a gente tropeça, sente a perna fraquejar, a alma acinzentar.
Uma coisa é nos sensibilizarmos com a tristeza de um amigo, sofrermos com ele por um momento difícil, se por 100% à disposição. Fácil é consolar o outro, falar palavras de apoio, clamar para que não desanime, mas e quando acontece com a gente?
O diagnóstico de uma doença grave, por mais que tenha tratamento e possibilidade de cura faz a gente desabar, faz a gente pensar no pior sim.
É necessário tomar uma dose cavalar de otimismo e esperança e manter o estoque abastecido.
Outro dia li que pai e mãe deveriam ser eternos. Como seria bom se fosse possível, mas se eles não são que pelos menos não sejam levados tão cedo.
De certa forma, os casos em que o tratamento é possível nos permite repensar o caminho trilhado, nos aproximarmos, darmos mais e mais amor, aproveitarmos cada minuto como se fosse o último, darmos valor ao que realmente importa, falarmos mais eu te amo, fazermos mais carinho, termos mais tempo para o fundamental: amar. Somente amar.

Dois anos e meio e nós continuamos lutando, brigando, amando, tratando, rezando.

Jardim Zoológico - Rio de Janeiro (1977)