30 de outubro de 2011

Microconto 08


Desde de pequena era assim: vivia sonhando acordada. Os outros a achavam distraída. Vivia com a cabeça nas nuvens, sonhando. Muitas vezes se fechava em um longo silêncio e continuava a sonhar. Mas com o que tanto sonhava? Com tudo e de tudo um pouco.
Já adulta continuou sonhando acordada.
Um dia perdida no mundo dos sonhos parece que despertou. Olhou para sua vida e pensou em quantos daqueles tantos sonhos havia realizado. Poucos.
Decidiu ir à luta. Continuaria a sonhar, mas daqui para frente os transformaria em realidade.

24 de outubro de 2011

Microconto 07


Ela trabalhava duro. Acordava muito cedo todos os dias e  era a primeira a chegar a empresa e a última a sair. Se dedicava a sua carreira, pois assim garantiria um pouco de segurança para o futuro (sua família nunca tivera essa segurança), mas quando chegava em casa, tarde da noite, orava e pedia a Deus que encontrasse alguém a quem amar e que com ele pudesse formar sua própria família.

18 de outubro de 2011

Microconto 06



Seus olhos pretos eram o mais franco que já tinha visto, porém nesse momento estavam carregados de tristeza e suas lágrimas formavam um afluente daquele grande rio. Seus olhos banhados de lágrimas formavam o rio da vida.

11 de outubro de 2011

Como uma luva



"Na fé, eu sou capaz de me dizer, com amorosa humildade, que grande parte das vezes eu  não sei o que é melhor para mim. Eu não sei, mas Deus sabe. Eu não sei, mas minha alma sabe. Então, faço o que me cabe e entrego, mesmo quando, por força do hábito, eu ainda dê uma piscadinha pra Deus e lhe diga: "Tomara que as nossas vontades coincidam". Faço o que me cabe e confio que aquilo que acontecer, seja lá o que for, com certeza será o melhor, mesmo que algumas vezes, de cara, eu não consiga entender."


(Ana Jácomo)

8 de outubro de 2011

Nem tão micro assim...




Era um senhor e uma senhora de idade bem avançada. Ela tinha a pele tão alva, pálida quase translúcida e  olhos de um azul profundo. Ele tinha a pele calejada, com profundas marcas e rugas e olhos pretos pungentes.
Há muitos anos que toda as tardes faziam sempre igual. Sentavam-se nas cadeiras de palhas, na varanda, e apenas aguardavam.
Logo as pessoas se aproximavam e sentados aos seus pés passavam horas a conversar.
O menino, ainda novo, passava por ali todos os dias de volta da escola e sempre lançava um olhar intrigado para a cena.
Certo dia não conseguindo conter a curiosidade perguntou a tia:
- Tia, todos os dias que volto da escola passo pela casa da esquina e vejo um senhor e uma senhora rodeados de pessoas. Quem são?
- Meu filho, muito admira que você não tenha perguntado antes. Os dois sentados ali são a sra. Sabedoria e o sr. Tempo e aquela gente toda vai até eles em busca de conselhos e ensinamentos.

5 de outubro de 2011

Microconto 05



Desde de pequena tinha um  fraco por roupa de cama. Desta vez comprou um lindo jogo de lençol de fio egípcio, branco, alvo cor de neve.
Tomou um banho quente, passou seu creme de corpo, colocou a camisola nova e deitou na cama e se deixou acariciar e abraçar pelos fios macios do algodão.
Dormiu feliz.

1 de outubro de 2011

Microconto 04



As lágrimas caiam, mais parecia um rio a trasbordar. Sonhou com aquele momento por toda a vida, e, ainda, nos sonhos mais fantásticos não o podia tê-lo imaginado tão bonito.   

Ele estava ajoelhado, segurava sua mão e acabava de pedir-lhe em casamento. Tentando serenar o pranto, ela disse sim.