27 de fevereiro de 2010

Ato de escrever

“Existem dois tipos de escritores: aqueles que fazem pensar, e aqueles que fazem sonhar diz Brian Aldiss.

Junte-se aos que jamais disseram: “acabou, preciso parar por aqui”.Porque assim como o inverno é seguido pela primavera, nada pode acabar: depois de atingir seu objetivo é necessário recomeçar de novo, sempre usando tudo que aprendeu no caminho.

Junte-se aos que cantam, contam histórias, desfrutam a vida, e tem alegria nos olhos. Porque a alegria é contagiosa, e sempre consegue impedir que as pessoas se deixem paralisar pela depressão, pela solidão, e pelas dificuldades.

E conte sua história, nem que seja apenas para que sua família leia."

(Paulo Coelho - http://paulocoelhoblog.com/2010/02/26/o-ato-de-escrever-i)

Ao ler o que ele escreveu tive a certeza, de que muito embora não seja uma escritora, fazendo uma retrospectiva das minhas simples linhas, acredito que sejam mais para fazer sonhar do que pensar.

Vamos sonhar? O último post que escrevi e que postarei amanhâ não poderia exemplificar melhor isso.

Até amanhã.

25 de fevereiro de 2010

A verdadeira história de Peter Pan

Bom, estava pensando em um post sobre A Terra do Nunca. Queria descrever a minha Terra do Nunca, pois acredito que dentro de cada um de nós existe uma. O lugar sagrado, onde nos refugiamos, nos momentos difíceis.

Ao fazer uma busca sobre a história do Peter Pan, para me inspirar, eis que me deparo com o texto abaixo. Uma pérola. Aquele texto que ao acabarmos de ler ficamos pensando: como eu gostaria de ter escrito isso.

Deixo para vocês o texto abaixo e logo no post abaixo, mais uma pérola encontrada no mesmo blog: Sinais (vejam, pois é lindo).

Recomendo aos que gostam de uma boa leitura o blog: entremares.

O post sobre a minha Terra do Nunca fica para um outro dia.

" Pequenina, de asas graciosas e quase transparentes como todas as fadas, esvoaçando sobre os campos de flores. Seria o seu vestido, amarelo como os girassóis? Seriam os sapatinhos de verniz, a imitar as conchas do mar?

Chamava-se Nyota… e nascera muito longe dali, num continente quente e povoado de grandes florestas, lagos e desertos, e animais tão estranhos que ela não voltara a encontrar iguais, em mais parte alguma.Nem na terra do Nunca.

E aquele dia, na terra do Nunca, ia ser um dia... muito especial; Peter Pan, o eterno menino vestido de verde, como príncipe dos bosques e senhor das terras do arco-iris... ia anunciar o seu noivado.

Ninguém ignorava que Sininho sempre fora a fada de Peter Pan – a história descrevera-a assim, eternamente apaixonada pelo irrequieto menino que se recusava a crescer. Mas o que não estava escrito na história.. e que quase ninguém sabia... era o amor que Peter Pan e Nyota nutriam um pelo outro, desde que se haviam visto pela primeira vez, numa tarde de verão.

Nyota era divertida, uma óptima contadora de histórias... e sempre que podiam, desapareciam os dois rumo ao alto dos bosques. E ali, no silêncio dos pássaros e no murmúrio dos ventos... Nyota contava-lhe histórias de uma terra distante, em que os meninos rodeavam dançavam à volta de fogueiras, caçavam animais de cores bizarras e saltavam de árvore em árvore, pendurados dos ramos.

Peter Pan bebia-lhe o olhar, cheio de imagens, imaginando-se a ele próprio naquela terra estranha e longínqua, onde todos os meninos tinham uma cor de pele tão diferente da sua... e que Nyota descrevia como sendo tão bela como a terra do Nunca.

- Mas não há nenhuma terra mais bela que a terra do Nunca... – protestava Peter Pan, sempre que ela lhe tocava no assunto. – não pode haver...
- Mas é claro que há... e prometo-te que um dia... ainda te levarei lá...

E assim ela ali permanecia, inebriada por um simples olhar, enquanto ele adormecia, à sombra dos plátanos, sonhando com oásis de palmeiras no meio de desertos, tempestades de areia e longas pradarias de ervas altas e manadas de animais estranhos, a perder de vista...

Quando Peter Pan entrou na sala, as fadas interromperam a ladainha de sussuros. No silêncio frio do mármore, o único ruido provinha das botas de Peter, dirigindo-se ligeiro até a um dos extremos do grande salão. Sem cerimónia, saltou para cima de uma das mesas, distribuindo aquele seu olhar atrevido em redor.
Discretamente, Sininho aproximou-se também do local – queria estar bem ao seu lado, mal ele pronunciasse o seu nome.

- Meus amigos... como todos sabeis... está escrito que Peter Pan irá escolher uma fada da terra do Nunca... para juntos ajudarmos a cuidar de todos os habitantes ...

Fez uma longa pausa, enquanto dirigia o olhar para Sininho, ali bem perto de si.

- ... E todos vós já me conheceis há tanto tempo... e conheceis tão bem como eu a história da terra do Nunca, não é verdade? – e esticou o braço em direcção a Sininho - ... queres vir aqui fazer-me companhia... Sininho?

Palmas, muitas palmas, ainda mais suspiros.
No outro extremo do salão, um lamento passou quase despercebido.
Nyota, as mãos a tapar os olhos, saiu de mansinho para o jardim.
Peter Pan, do alto da mesa que lhe servira de tribuna, conseguia vê-la.

- Sininho... dás-me só um segundo, por favor? tenho só que ir ali falar com uma pessoa... é só um segundo...
A fada Sininho fez-lhe uma vénia irónica, com um sorriso de felicidade.
- Claro que sim, meu príncipe... claro que sim... mas não te demores...

Peter Pan apressou o passo, distribuindo sorrisos, beijos e abraços. Precisava de alcançar a porta do jardim.

- Nyota! Nyota!
Correu para ela.
- Nyota... espera, por favor...
Ela abriu a porta exterior do jardim. Quando se voltou, uma lágrima brilhante deslizava-lhe pelo rosto.
- O que queres, Peter?
- Nyota... meu amor... por favor, tens que compreender... estava escrito...
- Eu não sou o teu amor, Peter...
- Mas, Nyota... estava escrito... eu tenho que escolher a Sininho...
- Julguei que me amavas, Peter...
- E amo, Nyota, mais que tudo... mas que mais podia eu fazer? Está escrito ... na minha história... que eu tenho que escolher a Sininho... não posso evitá-lo...
Nyota olhou-o nos olhos e lá no fundo sentiu-se de novo a criança desprotegida, ansiando por um abraço, por uma palavra meiga.

- Eu também te adoro, Peter Pan... e isso não está escrito em nenhuma história, sabes? E se tu gostasses realmente de mim...
- Nyota, mas eu não posso...
- Peter... sabes porque não podes ?
- ...
- Não podes porque... até aqui não consegues deixar de ser ... uma criança...
- Nyota...
- Não, Peter... eu sei de tudo o que me vais dizer, mas... hoje e aqui... eu precisava que tu crescesses... nem que fosse só um pouquinho... que tivesses desafiado a história que escreveram para ti ... e me escolhesses...

Abriu o portão e seguiu em frente, o vestido amarelo como os girassóis a brilhar na noite escura. Desejava ardentemente que ele a chamasse.
Bastaria que a chamasse uma única vez... e ela voltaria a correr para os seus braços.

Mas sabia perfeitamente que tal nunca iria acontecer..."

(Rolando Palma- http://www.entremares-entremares.blogspot.com)

Sinais

22 de fevereiro de 2010

Ser mãe

Na bagunça do dia-a-dia, na necessidade de fazermos tudo ao mesmo tempo agora, diante das nossas inseguranças e inquietudes, às vezes, as mães também erram.

Hoje, cometi um erro com a pequena branca. Não um erro grave, mas um erro que serviu de lição.

Ao mesmo tempo que ensinamos aos pequenos aprendemos muito com eles.

É preciso ter humildade, reconhecer o erro e pedir desculpas mesmo que seja para uma criança.

Pedi desculpa, mas mais do que desculpa, o aprendizado que devemos aprender com erros e evitar cometê-los novamente, afim de que o pedido de desculpa não perca o sentido nem se torne algo banal.

E como criança é sábia. Em resposta, ao meu pedido de desculpa o que escutei foi: "- mãe, não precisa se preocupar pois eu a desculparei um milhão de vezes se precisar."

Depois de uma resposta dessa, só um abraço muito apertado e muitos beijos estalados e a certeza de que entre erros e acertos, uma relação linda está se delineando.

Ainda cabisbaixa com o ocorrido, a minha declaração de amor para o meu Amor maior: sempre estarei segurando a sua mão!

21 de fevereiro de 2010

19 de fevereiro de 2010

Caminhos

Agora, Ela tinha certeza: estava perdida.

Olhou para os lados atônita. A pergunta ecoava em sua cabeça “- Para que lado devo seguir?"

Maldita hora que resolveu fazer aquela caminhada.

Achou que seria fácil. Já tinha feito aquela mesma trilha algumas vezes e não entendeu como foi se perder.

Ficou olhando ao redor tentando encontrar algo que sinalizasse o caminho que deveria seguir, mas nada. Não tinha a menor ideia de onde estava nem para que lado ir.

Um desespero tomou conta do seu corpo. Seu coração começou a bater descompassado. Era medo o que Ela sentia. Estava sozinha. Retornar ao início ou chegar ao final?

Tentou manter a calma, esta seria a sua maior aliada, mas não conseguia. Estava no limite de suas forças. Suas pernas começavam a fraquejar, sentia um cansaço. Pensou em desistir.

Encostou-se em uma grande árvore e abaixou lentamente. Entrelaçou os joelhos com as mãos e apoiou a cabeça. Assim permaneceu durante alguns minutos.

Começou a refazer mentalmente o caminho, mas não conseguia se concentrar, não concatenava.

Era a terceira vez que fazia a longa caminhada.

Da primeira vez, seis quilômetros foi a distância percorrida do início ao fim.

Na segunda, a distância que separava o início do fim foi um pouco maior, dez quilômetros. Parara para admirar alguns lugares pelos quais passava. Era uma época calma e podia percorrer a trilha sossegada.

Agora, já tinha caminhado pelo menos uns três quilômetros. E tinha a certeza solitária que dessa vez o caminhar era diferente. Sabia disso, desde o início, mas ainda assim, decidiu seguir.

Nas outras vezes, tinha certeza sobre o caminho a seguir. Sabia que ao entrar na trilha, primeiro passaria pelo igarapé, seguiria e chegaria ao grande vale. Mais a frente seria possível avistar a clareira e mais alguns bons minutos caminhando se depararia com a suntuosa cachoeira. Aí mais algumas horas e terminaria a trilha.

Nessa caminhada chegara apenas ao vale. Depois disso se perdeu.

As lágrimas desciam como torrente, mas falava para si mesma: - seja corajosa, pare, preste atenção nos sinais, escute.

Só escutava o canto dos pássaros e o uivo do vento ao passar por galhos e folhas. Sinais? Quais?

O dia ameaçava trocar juras com a noite e logo aquele céu escarlate se tornaria de um azul profundo.

Em um arroubo de coragem, secou as lágrimas com a mão, ergueu a cabeça, endireitou os ombros, ajeitou uma mecha de cabelo que teimava em cair atrás da orelha e disse para si mesma: - Decida agora. Você só tem duas alternativas: retornar ao ponto de partida ou seguir. O que você decide? Pensou por alguns segundos. Analisou rapidamente prós e contras e fez sua escolha. Seguir.

Tinha entrada ao Norte da trilha e sabia que deveria seguir até o Sul. Devia traçar uma linha reta. O sol teimava em se pôr e nessa época do ano, ele se esconderia ao Oeste. Logo, era seguir o Sol.

Assim foi. Andou muitos metros sem a certeza de ter tomado o caminho certo, porém continuou. De repente, um sorriso tomou conta de seus lábios. Lá na frente, lá na frente - gritava eufórica. Tinha avistado a clareira. Um torpor tomou conta de seu corpo. Alívio era o que sentia. Sabia agora como chegar ao final da trilha. Relaxou e começou a caminhar lentamente. Olhava para tudo. Tinha agora, um novo olhar. Mais complacente, mais calmo, mais observador, menos assustado.

Quantos quilômetros faltava para chegar ao final da trilha? Nem Ela sabia. Cada caminhada era única, podia demorar mais ou menos tempo e dependia de tanta coisa. As caminhadas anteriores tiveram início, meio e fim e duraram o tempo necessário. Essa, pensou, ainda está no começo.

O que a desesperou foi ter se perdido, não mais saber o caminho. É preciso sempre saber como chegar ao final da trilha quando e se isso for necessário.

15 de fevereiro de 2010

Outras histórias

Frase interessante....nos faz refletir um pouco sobre a condição humana e o Amor!

"Ás vezes penso em ti, amarrado no egoísmo de outras histórias."

12 de fevereiro de 2010

Transbordar!

e um dia, o amor transborda de nós... porém se quisermos de fato deixá-lo secar só conseguiremos se o deixarmos quieto e em paz. aí, um belo dia acordaremos e veremos que secou e que ficará guardado no lugar das boas lembranças. e em outro dia, quando novamente acordarmos veremos que um novo amor transborda de nós.

11 de fevereiro de 2010

Senhorita Carnaval

Já já está chegando a festa popular. São cinco dias de alegria e diversão. Vou colocar minha fantasia e correr pro salão. Pode me esperar que eu já vou chegar e até quarta-feira, lá lá lá lá lá lá lá lá


"Toda a gente me procura
Raça branca, raça escura
Eu domino as gerações!
Quando surjo na Avenida
na subida e na descida
fica assim de Gaviões!

Carioquíssima
Animadíssima
Renovadíssima
Nacionalíssima
Amabilíssima
Valiosíssima
Assanhadíssima
Luxuosíssima

Ó que dama divinal!
Ela se chama Senhorita Carnaval

Quando chega fevereiro
fico linda, sinto um cheiro
Tudo cheira a... Carnaval!
Eu não saio da Avenida
na subida e na descida
ferro o... Câmbio Nacional!"
(Lamartine Babo)

9 de fevereiro de 2010

Eterno

"O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível”

(Adélia Prado)

A noite é dos que não dormem

Arte...



( A noite é dos que não dormem - O Salto)

Artista e Arte

O celular tocou. Era Ele e era possível notar uma certa urgência em sua voz.
- Oi, tudo bem?
- Tudo.
- Onde você está?
- Estou no ônibus, indo para casa – respondeu Ela.
- Tá. Então, quando você chegar em casa nos falamos.
- Não, pode falar agora.
- É que eu estou escrevendo um texto e queria falar com você.
- Poxa, que legal. E sobre o que é o seu texto?
- Depois , você vê.
- Ué, você não pode me dizer qual é o tema – disse ela sorrindo.
- Não. Quando você chegar em casa você vê.
- Tá, tudo bem – disse ela meio desapontada, já que era muito curiosa. Quando eu chegar te ligo.
Se despediram e Ela ficou lá perdida em seus pensamentos. Era muito curiosa e afinal, o que ele estava escrevendo que não podia contar a Ela? Mas agora tinha que esperar.
Quando chegou em casa, correu para o telefone.
- Oi, já cheguei e aí, me fala do texto.
- Eu estou aqui às voltas com ele. Como você faz mesmo? Você escreve direto no word?
- Escrevo direto sim, e depois faço a correação ortográfica.
- Mas como eu faço a correção? – perguntou Ele.
- Faz assim: marca todo o texto, clica em ferramentas e depois em correção e ortografia.
- Espera um pouco que eu vou fazer.
Alguns segundo se passaram e a voz retorna com um ar irritado.
- Isso tá muito complicado. Vou terminar de escrever e postar assim mesmo. Assim que eu terminar te aviso.
Agora, não restava nada a fazer. Apenas esperar.
Uns quarenta minutos depois, Ele liga.
- Já terminei e já postei. Agora pode ler.
- Então espera só um pouco pois estou indo para o computador.
- Faz o seguinte – disse Ele – Vou sair para comprar uma coisas e estarei de volta em meia hora. Lê e me liga, tá.
- Tudo bem. Um beijo.
E lá foi Ela curiosa como só para ler o misterioso texto.
Ela leu e releu em silêncio. No final, lágrimas teimavam em cair de seus olhos.
Ela leu mais uma vez. Estava impressionada. Ele havia transformado um singelo final de semana, em uma linda história...em uma viagem mágica. Quanta sensibilidade, ela pensou. Quanto sentimento transbordava daquelas linhas.
Ele sempre fora um artista, ela já sabia mas sua arte vinha dos acordes, das melodias, da harmonia, dos arranjos e das letras, porém dessa vez era diferente.
Ele trilhava um novo caminho, e nesse, não carregava consigo a bagagem que os anos lhe conferiram. Porém, ainda assim, era um artista, e já era de se esperar que conseguisse trasformarm em arte um simples final de semana na pequena, pacata e búcólica “Ponte dos Jacarés”.
É dessa forma que artistas fazem suas homenagens! Salve 08 de ferevereiro!

Eu sou...

Eu sou a Mãe que chega em casa após um dia de trabalho e vai repassar com a filha, o dever de casa, que vai arrumá-la para dormir fazendo carinho em seu cabelo;

Eu sou a profissional que planeja e executa uma campanha;

Eu sou a filha que liga para mãe pedindo conselhos sobre o novo tecido para o sofá;

Eu sou a irmã que liga para o irmão apenas para saber se ele está bem;

Eu sou a dona de casa que ao chegar em casa, recebe a lista de compras que deve ser providenciada para o dia seguinte;

Eu sou a amiga que escuta o desabafo há muito engasgado de um amigo querido;

Eu sou a mulher que banha-se e perfuma-se para receber o bem-amado.

4 de fevereiro de 2010

Ana e o Mar (Teatro Mágico)

"Veio de manhã molhar os pés na primeira onda
Abriu os braços devagar e se entregou ao vento
O sol veio avisar que de noite ele seria a lua,
Pra poder iluminar Ana, o céu e o mar

Sol e vento, dia de casamento
Vento e sol, luz apagada no farol
Sol e chuva, casamento de viúva
Chuva e sol, casamento de espanhol

Ana aproveitava os carinhos do mundo
Os quatro elementos de tudo
Deitada diante do mar
Que apaixonado entregava as conchas mais belas
Tesouros de barcos e velas
Que o tempo não deixou voltar

Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?
Quem já conseguiu dominar o amor?
Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?
Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar

Ana e o mar... mar e Ana
Histórias que nos contam na cama
Antes da gente dormir

Ana e o mar... mar e Ana
Todo sopro que apaga uma chama
Reacende o que for pra ficar

Quando Ana entra n'água
O sorriso do mar drugada se estende pro resto do mundo
Abençoando ondas cada vez mais altas
Barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar
Desse novo amor... Ana e o mar"

3 de fevereiro de 2010

Devolve, Moço

"Existe aqui uma mulher
Uma bruxa, uma princesa,uma diva
Que beleza
Escolha o que quiser
Mas ande logo
Vá depressa
Nem se atreva a pensar muito
O meu universo ainda despreza
Quem não sabe o que quer
Meu coração eu pus no bolso
Mas apareceu um moço que tirou ele dali
Não, isso não é engraçado
Um coração assim roubado
Bate muito acelerado

Devolve, moço
Devolve, moço
O meu coração pro bolso."
(Ana Canãs)

2 de fevereiro de 2010

Coisas de cidade pequena

Sem pressa, o tempo passava na pequena cidade de Jurana. Com pouco mais de 2.000 habitantes, encontrava-se incrustada em um vale e aos seus pés corria o Rio Taquaraçu.

Em suas ruelas e esquinas, em suas casas centenárias guardava-se um segredo: a bondade daquela gente.

Antônio e Pedro conversavam animadamente na porta do armazém.

Pedro era filho do Dr. Eusébio, o médico da cidade e de dona Cecília, a doceira, e que doceira! Era daquelas de mão cheia e a essa hora andava as voltas com o bolo e os docinhos para a festa da pequena Mariana.

Mariana era a filha caçula do seu Roberto e da dona Sueli e irmã do peralta Bentinho. A família morava em uma pequena chácara e era lá, plantando café e fumo e vendendo no Depósito Central que seu Roberto tirava o sustento da família.

O Armando que conversava com Pedro era filho do seu João, o dono do armazém. Há muitos anos, o velho João tinha herdado o estabelecimento do seu pai e era lá que todas as famílias da pequena cidade faziam a provisão do mês. Lá se contrariava o ditado, pois tinha uma placa bem grande com os dizeres: “Aqui se vende fiado e paga-se quando pode.” E quem pensa que seu João deixava de ganhar dinheiro estava muito enganado. Essa cidade era de gente honesta que tão logo ganhava o seu dinheiro, corria a honrar com as dívidas. E o Armando, claro, seguia os passos do pai.

Toda a semana, dona Silvinha passava pelo armazém e Seu João pensava com certa tristeza na vida daquela senhora. Tinha chegado aos 75 anos, e vivia sozinha na cidade. Seu Jacinto falecerá há 06 anos e os três filhos haviam deixado a cidade para tentar a vida na capital. Pouco apareciam por lá. Morava em uma casa simples, de esquina e do alto de seus 75 anos, era uma das melhores rezadeiras da redondeza. Guardava até hoje, o segredo da mistura das ervas passado por sua avó. Quem podia pagar, pagava e os que não podiam, ela rezava de graça. Seu lema era: “Para os males, reza, ervas medicinais e uma dose generosa de carinho.”

Ainda tinha o padre Clemente que reunia a todos, nas manhãs de domingo e enchia de alegria o coração das pessoas com seus sermões bem-humorados. E também, a professora Luiza, moça nova, que resolvera abandonar a loucura da cidade grande pela tranqüilidade e simplicidade daquela cidade.

Ah, e como se esquecer do Prefeito Sebastião que desde o mês passado não fazia outra coisa que não fosse inspecionar as obras, do Posto Médico (o Dr. Eusébio estava atendendo em casa e estava difícil dar conta de todos). Para ele os habitantes daquela cidade eram muito mais que apenas eleitores. Eram amigos, vizinhos, tios, irmãos, sobrinhos. Já a sua mulher, Aurora, tinha por hábito, se prostrar em sua varanda com seu cesto abarrotado de novelos e agulhas e de ponto em ponto do seu tricô, apreciava o vai e vem das pessoas, na rua central.

E a praça? Toda cidade que se preze, grande ou pequena tem uma praça e era lá, em meio às árvores frondosas, que a criançada se divertia sobre o olhar atento dos mais velhos.

1 de fevereiro de 2010

Mãe

Um singelo poema para a mãe de uma amiga-irmã que hoje partiu, em uma viagem, por um lugar encantado!!!

"Mãe carinhosa, mãe dengosa
Mãe amiga, mãe irmã
Mãe sem ter gerado é a mãe de coração

Mãe solidão,
Mãe de muitos, mãe de poucos
Mãe de todos nós, Mãe das mães
Mãe dos filhos
Mãe-pai: duas vezes mãe

Mãe lutadora e companheira
Mãe educadora, mãe mestra
Mãe analfabeta, sábia mãe
Mãe dos simples e dos pobres
Mãe dos que nada têm e dos que tudo têm
Mãe do silêncio, mãe comunicação

Mãe dos doentes e dos sãos
Mães dos que plantam e dos que colhem
Mãe de quem nada fez e de quem compra feito

Mãe de quem magoou e de quem perdoou
Mãe rica, mãe pobre
Mãe dos que já foram, mãe dos que ficaram
Mãe dos guerreiros e dos guerreados

Mãe que sorri, mãe que chora
Mãe que abraça e afaga
Mãe presente, mãe ausente
Mãe do sagrado, mãe da luz
Mãe de Jesus e mãe nossa.

Mãe, simplesmente mãe."