15 de setembro de 2010

Entre e fique à vontade - Final!


Ouviu a campanhia tocar e correu para abrir a porta. Era impressionante com as duas eram pontuais. (O texto inicial aqui).

As amigas, finalmente, chegaram. Esse era o momento mais aguardado do dia e ao mesmo tempo em que abria a porta, ia dizendo:

- Entrem, entrem e fiquem à vontade.

As duas caminharam até à mesa e ela, logo, foi puxando duas cadeiras para que as amigas ficassem bem acomodadas.

Depois de tantas tardes juntas, não havia mais cerimônia entre elas. Rapidamente, lembrou-se das primeiras visitas e de sentir um certo desconforto ante as duas, mas isso foi há meses atrás. Agora, ficava extremamente à vontade com elas.

E assim, as três permaneceram por um bom tempo, nenhuma palavra dita. Palavras eram desnecessárias. As duas a conheciam tão bem que com o passar do tempo, compreendiam-se apenas através do olhar. As três ficaram ali, tomando o café e saboreando o delicioso pão, até a hora em que as duas precisaram partir. Ela ainda fez um muxoxo e perguntou: Mas já? Não era preciso resposta. Elas precisavam ir.

Se despediram e ela gritou da porta: Espero vocês, amanhã!

A Dor e a Tristeza olharam para trás e apenas sorriram. É claro que amanhã voltariam, afinal, as duas haviam se transformado, nas suas melhores amigas.

Ela ficou parada, ainda com a porta aberta, vendo as duas afastarem-se e sentindo um enorme vazio.

Fechou a porta e foi arrumar a mesa. Novamente de volta à cozinha. Agora, precisava preparar o jantar, pois logo o marido e os filhos chegariam.

34 comentários:

Unknown disse...

Poxa, chorei!!!
Incrível! Pode ser que ela se permitia vivenciar essa dor e tristeza apenas quando estivesse sozinha. Quando, em frente aos outros, ela vestia a sua máscara de gente feliz.

Muito bom!
beijocas

Unknown disse...

Puxa Isa, que surpreendente o desfeixo, fiquei emocionada...

Ela se preparou, tomou banho, preparou um café e pão gostosos para permiter que a dor e a tristeza entressem...muito triste, mas gostei...

Beijos,

Lis. disse...

A arte imita a vida não é Isa? rs

Wanderley Elian Lima disse...

Muitas vidas se transformam nesse vazio, porque as pessoas vão se acostumando com a rotina, e não percebem mais o mundo a sua volta. Se acomodam com a vida do lar, e escolhem serem infelizes para sempre.
Bjux

Tati disse...

Isa, sabe que já vivi uma situação parecida? O Bê era pequeno e ficava o dia inteiro com minha mãe. Eu o deixava lá e saía para trabalhar. Do caminho, voltava para casa (eu trabalhava com venda, então isso era possível, embora péssimo) me trancava e chorava até a hora de buscá-lo. Aí, me acalmava, lavava o rosto e saía para buscá-lo. Demorei a ter coragem de contar ao Vi o que estava acontecendo. Foi horrível, entendi perfeitamente o que ela vivia... Espero que sua personagem seja também capaz de dar a volta por cima.
Beijos.

ELIANA-Coisas Boas da Vida disse...

NUNCA VOU PREPARAR NADA DE GOSTOSO PARA RECEBER ESSAS DUAS COISAS!!!
DETESTO DOR E TRISTEZA ,QUANDO ELAS BATEM NA PORTA JÁ VOU LOGO DIZENDO:
Ñ TEM NINGUEM EM CASA!!!
TRATO LOGO DE PENSAR EM COISAS ALEGRES E FELIZES ESSAS SIM FAÇO UM LINDO CHÁ DA TARDE PRA GENTE LEVAR UM PAPO E DAR BOAS RISADAS!!
ME SURPREENDEU MUITO ESSE TEXTO!
ADOREI!
BEIJO

Anônimo disse...

E,para receber a Família terá posto um lindo sorriso!
Terão eles...reparado?!
Beijo.
isa.

Caca disse...

Surpreendente, Isadora! às vezes é preciso travestir-se de tantas máscaras para encarar o peso da existência que as pessoas maduras o fazem nos seus momentos sós. Cada um sabe como. Você captou isso com muita maestria. Adorei! Abração. paz e bem.

Françoise disse...

Afffe, me surpreendi com o final , forte e triste para entender que dava o seu melhor para receber a dor e a tristeza. Quero elas bem longe da minha porta, chôooo.... Já ouvi histórias de amigas bem semelhantes mas que graças a perseverança, deram a volta por cima.
Gostei do texto. Sempre espero um final de conto de fadas mas tem horas que é preciso parar de voar....e refletir.

Abraços.

Françoise disse...

Ai que raiva, não do texto, mas deste blogger maluco. Já é a segunda vez que aqui eu escrevo um comentário e dá erro na hora de enviar e perco tudinho......

Vamos lá,disse a pouco que me surpreendi com o final da história. Triste mas real, já ouvi casos semelhantes mas que com força de vontade e perseverança, deram a volta por cima e hoje estão bem. É sempre muito bom ler textos assim pra acordar pra vida. Quero estas duas aí bem longe da minha porta, choooooo.....
*Fiquei imaginando como seria fisicamente sua personagem, me envolvi e participei da história, emocionante!!!!

Abraços amiga.

Françoise disse...

Ué, amiga, tô vendo que o comentário entrou. Quem tá louca???Eu ou o blogger????? Ahhhhhhh........
Beijos

Bia Pessoa disse...

Isa

Muitas vezes a dor e a tristeza se instalam em nossas vidas, sem pedir licença.

Cabe a nós escolher abrigá-las ou não, e essa esolha não podemos passar para mais ninguém. Será nossa coragem diantes das suas emoções mal desejadas.


Abraço,

Bia

Graça Pereira disse...

Fui ler o princípio da história...para me situar bem dentro do enredo...Adorei! Esta segunda parte faz-me antever um epílogo emocionante...fico ansiosa á espera!
Beijocas
Graça

Mari disse...

Pois é Isadora...

Nossa como sei o que é isto, vou te contar que durante alguns anos...esta duas foram as minha únicas amigas...
Mas...já passou.
Relembrei tudo agora...e graças a Deus hoje sou outra pessoa!

Beijos

Wanderley Elian Lima disse...

Olá Isadora
O comentário, chegou sim. Obrigado.
Bjux

welze disse...

senhordagloria! que coisa mais incrível e verdadeira. Abrimos a porta para coisas que não deveriamos nem conhecer.

C@uros@ disse...

Olá querida e sensível amiga Isadora, seus contos são agradáveis de ler e também surpreendentes. E a amizade, e a rotina, e as muitas vidas para serem vividas, e as mulheres queridas, às vezes falta-lhes coragem para viver a plena liberdade! Será? Agradeço sempre os seus gentis comentários lá no dimenor. Paz e harmonia em seus dias.

forte abraço

C@urosa

chica disse...

Nooooooooooooossa.

Fui lá no início novamente e me emocionei. Ainda mais que isso acontece ,de fato nas vidas.

Há que prefira conviver com elas do que abrir uma janelinha pra alegria. Incrível.Muito bem escrito e mereces aplausos. Adorei.

Beijos,tudo de bom,chica

Mariana disse...

A dor e tristeza devem ficar para trás, mesmo...
abrir a porta as vezes nos causa surpresa e nem sempre boa, mas como não arriscar? a vida é um risco, e vale a pena ,viver e ser feliz.
parabéns!

Marcos disse...

Olha se eu ficar em casa desse jeito acho que vou a loucura... mas cada um é cada um!

Agora contar com amigos é sempre bom, sabe que sempre que fico em casa ruim por algum motivo, eu gosto de visitas... me faz sentir querido.

bjs

Claudiene Finotti disse...

Oi Isa!

Quanta sensibilidade e leveza cabem nessas palavras...

Emocionante.

Beijos.

Clau

Bordados e Retalhos disse...

O que me impressionou foi o quão conformada ela ficava na companhia da dor e da tristeza. Quantas vezes nos sentimos assim, né? Bjs querida. Seus contos são adoráveis.

Gilmar disse...

Você foi genial, Isadora!

Eu estava "todo todo" aqui, por ler somente hoje a primeira parte e em seguida, a segunda, pois não precisei aguardar o dia seguinte. Entretanto, o desfecho foi tão inusitado, tão diferente de tudo que eu havia imaginado. Genial!

E é uma pena que ela ainda se aprontasse para receber a dor e a tristeza! É uma pena que recebê-las significasse algo prazeroso... Uma pena!

Eis aí a vida que passa ao lado...

Meu carinho a você, Isadora!

Nilce disse...

Oi, Isa

Fiquei chocada!

Será que não estou abrindo a porta pra essas duas amigas?
Muito profundo este texto, menina. Coloquei-me como personagem somente no final. UI! que medo.
Vou mandá-las embora já, já.

Adorei os teus "sins" da moda.

Bjs no coração!

Nilce

legalmente loira... disse...

isa querida,
Apenas vindo bater o cartão, pq tenho postado tão pouco.

Adoro seu cantinho, com carinho e bjos.

Everson Russo disse...

Uma historia triste que se mistura com tantas que vemos ou vivemos...beijos de bom dia.

Fátima Guerra (Mellíss) disse...

Querida

Para falar a verdade, tive medo de atrapalhar a visita, então, fiquei escondida num cantinho da cozinha, só observando a cena ...
Vi quando chegaram e vi quando se foram...
Havia uma fragrância diferente no ar, um certo brilho melancólico e secreto dentro do olhar ...
Ah, menina !
Outro dia eu volto para tomar um café com a ternura que vc representa.
Beijos mil
Fátima Guerra

♕Miss Cíntia Arruda Leite ღ disse...

Isa, saudades!!

Porém estou mega ocupada e cansada, aff!

Passando para te lembrar que nossa blogagem coletiva é amanhã, te espero!!!

beijos

Jeanne Geyer disse...

Entendo muito esta personagem. Ela fez um acordo com a vida, pode não ser o melhor, mas foi o que ela podia no momento. Quem sabe um dia consiga arrumar outras amigas?
Beijos

diariodumapsi disse...

Nossa, achei muito triste, mas real.
Mas que bom que elas vão e vêem!
Maravilhoso texto!
Gd beijo

Vaneza S. disse...

Ai Isa... chorei... tadinha.
Muitas vezes cultivamos essas duas amigas mesmo... isso mais que um alerta.

Lindo... apesar de triste. Mas revelador.

BeijoZzz

Daniel Savio disse...

Mas penso que também haja espaço para fé e amor (é claro que o convite desta duas exclui as duas primeiras)...

Fique com Deus, menina Isadora.
Um abraço.

Lúcia Soares disse...

Isadora, que inspiração para falar de algo tão triste.
Pobre mulher, não sabe que não precisa abrir a porta e deixá-las entrar?
Não sabe que pode fingir que elas nem existem?
Não pode mandá-las embora, simplesmente, pedindo para que não voltem mais?
Não pode lhes dizer que não voltem amanhã, pois terá outras visitas?
Que ela deixe a porta bem trancada e só abra quando baterem nela a paz e a alegria. Estas, sim, amigas verdadeiras.
Basta abrir a porta...
Lindo, Isadora. Lindo demais. Você é uma escritora das boas.
Beijo!

lis disse...

OI Isadora
Como estou chegando depois fui até mais feliz rsrs peguei o conto todo , sem suspense rs
Qua a dona Dor e dona Tristeza nao voltem mais àquela casa e nem há tantas e tantas outras rs
lindo e apesar de triste encontrei ternura nessa dor.
beijinhos