27 de janeiro de 2011

Então, eu o aceito.



Parecia não haver mais nada a ser dito. Na distância que os separava se olharam, e Ela viu os olhos encobertos dele cheios de desespero e tristeza. Ela se levantou do banco e foi sentar-se ao lado dele. Tocou a sua boca com os dedos. Beijou-o. Ele levantou o braço e a envolveu.

- E nós? – ela pergunta

- Nunca soube que poderia acontecer, até que conheci você – ele responde

- Gostaria que tivesse me contado tudo isso bem antes.

- Sentia vergonha. Não queria que soubesse. Daria qualquer coisa para mudar tudo isso. Mas não podia, porque já havia acontecido.

- Falou com ela sobre isso?

- Não. Eu não a tenho visto. Não houve oportunidade.

- Você deve conversar, resolver tudo com ela.

- Sim, eu sei.

- Acho que ela ainda é importante para você.

- Pode ser, mas faz parte de uma vida que já passou. Não a de agora.

- Sabe, eu o amo e acredito que se não o amasse tanto, você não conseguiria me fazer sentir tão infeliz. Mas agora compreendo que é humano e frágil, e que comete os mesmos erros de todas as pessoas  e até outros mais. Nunca pensei que precisasse tanto de mim. Ser necessária é mais importante que tudo.

- Eu preciso de você. Não vá embora. Eu te amo.

- Eu não estou fugindo e não vou a lugar algum. Ficarei aqui.

De algum lugar soprava um vento frio, cortando a escuridão. Olhou para o céu e viu estrelas porque o vento espalhara as nuvens para o leste deixando o céu  claro, infinito, salpicado de milhões de constelações. Doce e frio, o ar bateu em sua face. Inspirou profundamente e sentiu-se revigorada. Não se sentia mais cansada. Nem infeliz, nem zangada, ressentida ou perdida. Ele de várias maneiras havia voltado para ela.

(Diálogo do livro Setembro)

15 comentários:

Anônimo disse...

Oi Isadora! :)

Que bonitinho esse diálogo! Gostei!

Bjs

Mônica - Sacerdotisa da Deusa disse...

Hummmmm...que lindo...consegui até sentir o vento frio batendo em meu rosto...
Beijinhos flor.

Flores e Luz.

Nilce disse...

Oi Isa

Não conheço o livro, mas será que por amor, todos os erros são perdoáveis?
Perdoar sim, mas juntar-se ao erro, jamais.

Bjs no coração!

Nilce

Beth/Lilás disse...

Bom dia, amiga querida!
Este livro Setembro é da famosa autora Rosamunde Pilcher?
Eu a adoro, já li vários dela e este foi o primeiro. Simplesmente belo!
bjs cariocas

Bia disse...

não sei nem o que escrever depois do que li aqui...

estou em silêncio agora...

beijos,

Bia

Giuliana: disse...

Oi Isa,

Que trecho lindo, deu vontade ler, adoro romance, e esse diálogo demonstra tanto amor. =]

Beijos

ELIANA-Coisas Boas da Vida disse...

MUITO LINDO O LIVRO DEVE SER MUITO BOM!

Misturação - Ana Karla disse...

Olá Isadora!
Vim dar uma espiadinha e apreciada por aqui.
Xeros

Mari Amorim disse...

Tenha uma noite iluminada,repleta de paz e boas energias!saudades Isadora.
um abraço,
Mari

Caca disse...

É seu o livro, Isadora? Parece tratar-se de um romance denso, intenso, adorável. Se for, avise que terei imenso prazer em ler. Abraços. Paz e bem.

Hugo de Oliveira disse...

Gostei...super interessante.

abraços
de luz e paz

Rolando Palma disse...

Afinal... precisar... e sentir que alguém precisa...faz falta.
Não somos completos... e gostamos de nos tentar completar, não é?

Noutra pessoa.

Que venha o frio, o vento... e que te despenteie.

Tudo de bom para ti,

Wanderley Elian Lima disse...

Obrigado Isadora, pelo carinho.
Bjux

Luma Rosa disse...

Nossa, acho que por amor, muitas pessoas se sujeitam. A frase final é algo aterrorizante de se pensar, de uma insegurança e resignação enorme. Como se fosse dadivoso mentir por uma boa causa! Beijus,

Daniel Savio disse...

Profundo, mas amor deveria para nos fortalecer, mesmo quando temos tantos erros incuraveis...

Fique com Deus, menina Isadora.
Um abraço.