Dessa vez era uma carta curta, bem diferente de tantas outras que havia escrito. Já tinha escrito tudo o que guardava no coração e na alma exaustivamente. Talvez tenha sido repetitiva, mas o que o coração guarda são lembranças repetidas de momentos finitos.
Olhava para o papel preenchido de letras, sentimentos, cores e aromas. Ficou surpresa em como foi sucinta. Dessa vez não houve rodeios ou floreios. Talvez o assunto tenha se esgotado, ou, ela estava esgotada.
Dobrou o papel delicadamente e pegou o envelope carmim. Até a escolha do papel e do envelope eram teatrais. Pensou: por que tanta dramaticidade? Desde sempre foi assim: uma sucessão de exageros.
Tudo tem uma medida, e, ela por diversas vezes exagerou, não é à toa que que se erramos a medida, o bolo desanda, o tempero fica picante, a comida fica salgada.
Pegou a carta, a bolsa mas por um minuto ficou parada perto a porta. Aquele minuto em que uma mudança de rumo pode alterar toda a história. Deu meia volta e foi até a biblioteca. Tirou um livro da estante e colocou a carta dentro.
Aquela carta não seria enviada. Chegou a conclusão que era uma carta para si mesma e que desse momento em diante não erraria mais a medida. Nada de exagero ou escassez, apenas a medida exata.
2 comentários:
Um monólogo íntimo, uma mudança de rumo. Bonito sonto.
bjs
Isadora,
Nossa, teu blog tá lindo!
Não sabia que tinha voltado a escrever, mas te vi lá na Lúcia e vim conferir, vejo que continua mandando bem nos contos e escritas e agora fazendo lindas fotos. amei!
beijos grandes cariocas
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