Assim como a grama do vizinho parece sempre mais verde que a
nossa, as coisas ruins não acontecem conosco, apenas com os outros.
Ilusão. Uma hora cai por
terra, e quando a gente se dá conta que acontece com a gente tropeça, sente a perna fraquejar, a alma acinzentar.
Uma coisa é nos sensibilizarmos com a tristeza de um amigo,
sofrermos com ele por um momento difícil, se por 100% à disposição. Fácil é
consolar o outro, falar palavras de apoio, clamar para que não desanime, mas e
quando acontece com a gente?
O diagnóstico de uma doença grave, por mais que tenha tratamento e possibilidade de cura faz a gente desabar, faz a gente pensar no pior sim.
É necessário tomar uma dose cavalar de otimismo e esperança e manter o estoque abastecido.
Outro dia li que pai e mãe deveriam ser eternos. Como
seria bom se fosse possível, mas se eles não são que pelos menos não sejam
levados tão cedo.
De certa forma, os casos em que o tratamento é possível nos
permite repensar o caminho trilhado, nos aproximarmos, darmos mais e mais amor,
aproveitarmos cada minuto como se fosse o último, darmos valor ao que realmente
importa, falarmos mais eu te amo, fazermos mais carinho, termos mais tempo para o fundamental: amar.
Somente amar.
Dois anos e meio e nós continuamos lutando, brigando,
amando, tratando, rezando.
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Jardim Zoológico - Rio de Janeiro (1977) |