A menina chorava copiosamente. Tanto que seus olhos ficaram marcados pela vermelhidão. Era um choro carregado de tristeza.
A mãe olhava para a menina com ar assustado.
- Minha filha, porquê você está chorando? O que aconteceu?
A menina entre um soluço e outro com o lábio tremendo balbuciou:
- O meu vestido, mamãe, o meu vestido.
A mãe sem entender nada perguntou:
- O que aconteceu com o seu vestido?
Passando a mão suavemente em seu cabelo e a enlaçando em um abraço tentava acalmá-la.
A menina aos poucos se acalmou e conseguiu responder:
- As flores que estavam no meu vestido sumiram. Já procurei em todos os lugares, mas não encontrei. Cadê as minhas flores, mãe?
Vestido? Flores? Do que a menina estava falando? A mãe rapidamente fez uma busca nos vestidos da menina, mas não conseguiu lembrar-se de nenhum vestido com flores.
- Filha, acho que você se confundiu. Você não tem nenhum vestido com flores.
- Claro que tenho mãe! É aquele branco.
Era verdade, ela tinha dois vestidos brancos, mas eram lisos.
- Filha, os dois vestidos brancos são lisos. Não tem flores.
- Mãe como lisos? - indagou a menina danada.Não estou falando do de alcinha. Estou falando do branco com mangas bufantes.
Instalou-se a confusão. A mãe tinha certeza de que não havia flores no vestido. Foi até o armário da menina e retirou o vestido. Talvez estivesse enganada.
Ao retirar o vestido do armário estava lá: branco, liso e sem flores.
A mãe estendeu o vestido para a filha.
- Ele está aqui e não tem flores.
A menina recomeçou a chorar e perguntou:
- Mãe, você acredita em mim?
- Claro, filha.
- Então, esse vestido tem flores sim, e são lindas. São pequenas e delicadas flores do campo salpicadas por todo o vestido, mas tem uma coisa que eu não te contei. Só eu consigo ver as flores e tenho certeza que alguém tirou as minhas flores daqui.
A mãe olhou para a menina incrédula. O que era aquilo? A menina não era dada a mentiras, porém era difícil acreditar no que ela dizia.
Será que a menina tinha algum dom que ela desconhecia?
A mãe pensou em como conduzir aquela questão. Após uns dez minutos, um pouco mais calma, pediu à filha que sentasse e disse que iria explicar o que tinha acontecido.
- Sabe, filha, às vezes isso acontece mesmo. As nossas flores somem. Alguém as tira da gente, mas não dê importância a isso. Lembre-se apenas que isso acontecerá muitas outras vezes ao longo da sua vida.
As suas flores crescerão e ficarão tão bonitas que um dia, alguém vai querer pegá-las.
Deixe que as pegue e ao invés de ficar triste porque pegaram suas flores, faça novas e lindas flores.
É claro que todas às vezes que isso acontecer você ficará triste, mas também sairá fortalecida. Saiba que sempre que teimarem em tirar-lhe as flores, eu estarei ao seu lado, segurando a sua mão e a ajudando a fazer novas e belas flores.
Mãe e filha se abraçaram e assim permaneceram por um longo tempo.
Mais uma lição e vida que segue.
2 comentários:
Muitas meninas como essa ( e meninos ) deixam simplesmente de conseguir ver as flores... e paassam a acredita que é normal, que simplesmente.. cresceram, tornaram-se adultos.
Beijos, tudo de bom para ti.
Rolando
Rolando, que honra a sua visita e comentário.
É preciso não nos esquecermos das flores jamais.
Obrigada pelas palavras gentis.
Um beijo para vc também.
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