Era um sábado de outubro. O céu amanheceu cinza e uma chuva fina insistia em cair. A vontade de continuar na cama era grande, mas estava cansada de rolar pra lá e pra cá. Não tinha dormido bem e o sono desistiu dela.
Não lhe restava mais nada a fazer senão levantar e preparar um café.
Estava na cozinha preparando um café bem forte quando o interfone tocou. Ela olhou para o relógio na cozinha e os ponteiros marcavam nove horas.
Quem é há essa hora e ainda por cima em um sábado?
Atendeu um tanto irritada e o porteiro disse: - Dona Alice, entrega para a senhora. É da floricultura.
Rapidamente pensou: que dia é hoje? Não se lembrou de nenhuma data especial. Nem mesmo seu aniversário era.
Falou meio imapaciente para o porteiro: - Obrigada, Antônio. Pode subir.
Esperou a campainha tocar. A campainha tocou e lá foi ela abrir a porta.
Abriu a porta e por um segundo pensou que soltaria uma gargalhada. Mal conseguia ver o entregador,
pois um buquê de rosas vermelhas, gigantesco, o encobria. Era pra mais de três dúzias de rosas.
Meio desajeitada pegou o buquê, deu uma gorjeta para o entregador e entrou. Tudo começou a fazer sentido. Junto com o buquê havia um cartão e nele estavam escritas apenas quatro palavras: Por favor, me desculpe.
Colocou o cartão na mesinha e voltou para as flores. Onde iria colocá-las?
Resolveu deixar o buquê sobre a mesa e terminar o café da manhã. Depois pensaria no que fazer.Tomou seu café e acabava de lavar a louça quando o interfone tocou novamente. Quem será agora?
O porteiro meio sem graça disse: - Dona Alice, é da floricultura.
- Como é que é Antônio?
- Da floricultura.
- Tá, Antônio pode deixar subir.
A cena se repete: esperou a campainha tocar. A campainha tocou e lá foi ela abrir a porta. Dessa vez era um arranjo de gérberas. Mais uma vez agradeceu o entregador, deu uma gorjeta e entrou.
E agora? O que vou fazer com tantas flores?
O arranjo veio acompanhado de um cartão. O mesmo escrito: Por favor, me desculpe.
Largou o cartão de lado, pois agora tinha um problema. Não tinha jarros nem vasos para aquela quantidade toda de flores. Foi uma áfrica e a essa altura tinha até balde com flor. Ainda estava às voltas com aquela arrumação quando o interfone voltou a tocar.
- Dona Alice, eu não tenho culpa é da floricultura de novo.
- Antônio, deixa subir - respondeu de má vontade.
Tudo de novo: esperou a campainha tocar. A campainha tocou e lá foi ela abrir a porta. Agora, eram orquídeas e o cartão com o mesmo escrito. Dessa vez não deu gorjeta. Se o ritmo continuasse o mesmo certamente iria à falência.
Olhou para o relógio que marcava onze horas e dez minutos. Refez mentalmente o horário das outras entregas: nove horas, dez horas. Meu Deus, de uma em uma hora! Quantas horas faltam para terminar o dia?
A suspeita se confirma. Meio-dia. O interfone toca. Ela nem espera o Antônio falar e já vai dizendo:
- Já sei Antônio é da floricultura. Pode subir.
A mesmíssima cena mais uma vez, agora diferente apenas pelas flores do campo.
Foi largando as flores pelo caminho. Nem se deu ao trabalho de pensar onde colocá-las. Buscava aflita, o telefone da tal floricultura. Pegou o telefone e ligou. Um rapaz atendeu e Alice explicou o que estava acontecendo e pediu para o rapaz suspender as demais entregas que porventura houvessem.
O rapaz pediu alguns minutos. Alice esperou e quando o rapaz retornou disse que infelizmente não podia cancelar as entregas.
- Mas eu não tenho nem mais um lugar para colocar flores!
Pausa. Alice retoma a conversa:
- Me diz uma coisa quantas entregas ainda serão feitas?
O rapaz ficou mudo por alguns instantes e falou:
- São mais quatro entregas.
- Quatro! Sei...tá bom, muito obrigada. E desligou o telefone.
Foi para o quarto e se jogou na cama. Pensou em voz alta:
- Ele não sabe que há muito tempo o nosso destino está traçado.
Assim será...
Como não poderia deixar de ser, o texto tem a sua própria música.
6 comentários:
Amiga q texto interessante.
Será q eu entendi?
As flores chegaram tarde demais é isso?
beijokas.
Parabéns,estou refletindo,muito bom.
Beijos.
Que bom que você gostou! Fico sinceramente muito feliz. Minha ideia é deixar que o final seja decidido por cada um que passar por aqui. Eu imaginei um final para essa história que pode ser diferente do seu. Fique à vontade.
Um grande beijo
Lindo texto mas preferia ver o final.
Obrigada pela sua visita Isa.
beijooo.
Oi Ana, mas você viu o final! O seu final! Um beijo grande
Oh, Linda a Simpática Amiga:
O seu blogue preenche por completo. Lindo.
Merece todas as flores do mundo.
Onde colocá-las? Há sempre um lugar.
Possui uma sensibilidade de ouro.
MUITO OBRIGADO pela ternura que deixou no meu cantinho.
Bem-Haja, apareça sempre será bem-vinda.
Adorei.
Beijinhos amigos de respeito, estima e consideração.
Sempre a admirá-la pela beleza e pureza de si.
pena
Excelente. Linda.
Esteja certo de
que a felicidade
de sua vida não
pode vir de fora.
Você só poderá
encontrar a
felicidade quando
souber fazê-la
nascer de dentro de
seu coração,
quando aprender a
ajudar a todos
indistintamente,
com suas ações,
suas palavras e
seus sentimentos.
Hoje estou muito feliz e
quero dividir minha felicidade
com vc.
beijooo.
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