Dá gosto ver a amizade desses dois, comentavam os vizinhos.
Os dois eram unha e carne. Quando um era visto, logo atrás vinha o outro. Era um grude só. Volta e meia, ela lhe tascava um beijo carinhoso enquanto passeavam de mãos dadas. A amizade deles era do tamanho do mundo
Eram muito diferentes mas não se davam conta disso. Ele era um menino lindo, de olhos castanhos, sorridente, gentil, educado e vivia descalço, porém ensimesmado. Não tinha coragem de dizer a ninguém o que sentia, o que pensava, apenas concordava. Ela era linda com ou sem o seu colorido (ás vezes, ficava cinza). Ela era alegre, branquinha como leite, tinha um olhão verde que mais pareciam duas azeitonas e vivia com os cabelos trançados e com faixas coloridas. Falava sem parar e sem pensar. Falava logo o que lhe vinha à cabeça.
O menino admirava tanto esse sair falando da menina. Adoraria ser como ela. E ela, achava lindo, aquele ar caladão dele. Como ela gostaria de engolir as próprias palavras de vez em quando.
O tempo foi passando e a menina colorida e o menino sorridente cresceram. Ainda eram como unha e carne mas alguma coisa havia mudado. O menino com o passar dos anos, havia aprendido a amar aquela menina, porém tinha medo de confessar isso a ela e estragar a amizade. Ela parecia não perceber e se percebia não se incomodava. Ele queria ficar pertinho dela, mas o amor que havia crescido junto com ele, agora era como uma agulha que espetava. E de repente aquela amizade que era do tamanho do mundo, foi ficando do tamanho de uma galáxia e eles ficaram cada vez mais distantes, tal qual mercúrio e plutão. Até o dia que não se viram mais.
Porém confirmando a teoria dos 6 graus de separação, um dia, muitos anos depois a menina colorida e o menino sorridente se reencontraram. Foi uma festa daquelas, sorrisos, abraços e lembranças.
As lembranças do menino (agora uma rapagão) em sua maioria eram felizes e ele sorria só de lembrar, porém a lembrança mais marcante era o do amor que havia sentido por aquela menina.
Ele queria que ela visse aquela lembrança, mas como bem sabemos as lembranças pertencem a cada um de nós.
A menina tinha outras lembranças e não conseguia ver o que o menino teimava em mostrar. Na verdade, a menina começou a ficar irritada com aquilo e o menino percebendo, o vermelho no rosto dela, virou e disse: - vamos tomar um sorvete?
4 comentários:
Adorei, minha Linda!!!
Vamos tomar sorvete? SENSACIONAL!
Isadora, parabéns pelo belo texto. Continue escrevendo, siga esse seu caminho.
Viu como eu sou vim conferir se você não estava mentindo,quantos astirinhas será um prazer e uma honra deixa só eu me acertar que envio algumas para você!
Postar um comentário